Sem pudor nenhum, sem
vergonha nenhuma e com toda a desfaçatez que possa existir, o desgoverno da República
Antidemocrática Bolsonariana vai dia a dia fazendo o que é possível para emular
o que de pior existiu neste país no longo e tenebroso período que começou em
1964 e se arrastou até 1985, promovendo toda sorte de crueldade que existia em
nome de uma ameaça comunista. E, tanto naquele tempo como no atualmente, boa
parte da população dava/dá amplo apoio ao que era/é feito pelos mandatários
alojados em Brasília.
No último dia 24 de julho, o
colunista Rubens Valente, do UOL,
publicou um artigo bastante revelador do que essa gente que por ora está aí é
capaz de fazer para se livrar do que ela julgar ser um incômodo para o seu projeto
autoritário de poder. Intitulado de “Ação sigilosa do governo mira professores
e policiais antifascistas”, o artigo do colunista do UOL divulgou que a Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, elaborou um relatório sigiloso sobre
um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança púbica e três
professores universitários identificados como integrantes do “movimento
antifascismo”. Tal relatório foi confeccionado dias depois de o manifesto “Policiais
antifascistas em defesa da democracia popular” ser divulgado, em 5 de junho, e
subscrito por 503 servidores da área de segurança pública (policiais civis e
militares, rodoviários, penais, peritos criminais, papiloscopistas, escrivães,
bombeiros e guardas municipais). Questionado por aquele portal de notícias
sobre o propósito de tal relatório e o monitoramento de mais de quinhentos
indivíduos – o trabalho incluiu, além de nomes, fotografias e endereços de
redes sociais de vários dos investigados -, o Ministério da Justiça e Segurança
Pública saiu-se com evasivas do tipo é para “prevenir práticas ilegais” e “garantir
a segurança”, sabe-se lá de quem.
É uma das características
dos governos autoritários e/ou que flertam com o autoritarismo fazer esse jogo
sujo de agir às escondidas para vasculhar a vida de todo aquele que é apontado
como inimigo do sistema; de todo aquele que se mostra contrário à ordem
arbitrariamente constituída. Essa prática de fazer listas de supostos “inimigos
da pátria” era um dos itens da cartilha moralizante e dignificadora dos que
estavam no comando da Ditadura Militar (1964-1985) que deu fim a tantas vidas e
desapareceu com os corpos. O apelo da defesa da pátria serviu naqueles dias
como justificativa para uma verdadeira caçada aos opositores, aos discordantes,
aos insubmissos, aos subversivos, fossem eles comunistas ou qualquer outra coisa
que figurasse no rol de desagrado dos generais. Será que nestes dias de hoje as
hostes bolsonarianas vão fundar um Comando de Caça aos Antifascistas emulando o
feroz Comando de Caça aos Comunistas que existiu durante a Gloriosa?
Uma das fantasias
grandiloquentes desse verdadeiro câncer político chamado Jair Bolsonaro era
acreditar que todo bichinho de cabelo, que todo profissional da área da
segurança pública iria apoiá-lo incondicionalmente, como se ele fosse o símbolo
e a encarnação da honestidade, do bom senso, do respeito e do progresso. Imaginem,
um indivíduo que faz do autoritarismo, da misoginia, da homofobia e da
cumplicidade com pastores evangélicos ladrões de consciência e com milicianos
instrumentos de trabalho e de plataforma de governo acreditava piamente que era
uma unanimidade entre os militares e entre todos aqueles que portam uma arma de
fogo.
Quando tomei conhecimento do
tal relatório elaborado pela Seopi eu me perguntei: “Será que o meu nome e o
meu rostinho estão no documento?”. É claro que não devem estar, porque eu sou
um bostinha que só eu mesmo leio o que escrevo. Deixando essa boutade de lado, eu quero fazer uma
indagação realmente relevante aqui: será que os agentes da Secretaria de
Operações Integradas estão também no encalço desses indivíduos que fazem o
diabo por aí pregando o tal do fascismo e a ordem autoritária? Aposto uma nota
de R$ 200,00 que não.
Na República Antidemocrática
Bolsonariana os valores morais e éticos e afins possuem características muito
particulares, muito próprias; e, desse modo, delinquente que destrói
reputações, delinquente que descumpre determinações sanitárias contra uma pandemia
que até hoje matou 92.789 cidadãos neste país, delinquente que ataca membros do
Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, delinquente que agride
jornalistas, delinquente que dissemina fake
news, delinquente que recebe verba púbica por meio de publicidade não é
delinquente, é apoiador do desgoverno, é combatente das hostes palacianas. Todo
o mal aos opositores. E ponto.
Só não vê quem não quer. Está
mais do que claro, está claríssimo, que para o cancro Jair Bolsonaro e para
todos os seus cupinchas – militares e civis – defender a democracia é algo que
vai de encontro aos propósitos deles. Direita, retroceder!
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