Foto: Divulgação Eu sou André do Rap e você é um mané!! |
Nesta semana,
neste país que continua a arder em chamas para que as noitadas possam se a
chegar, o cidadão que está atento ao que acontece ao seu redor tomando,
inclusive, cuidado para não ser contaminado por um vírus que
até hoje já matou 153.690 pessoas, acompanhou até que
ponto as idiossincrasias de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e a
sua interpretação unilateral da letra da lei podem fazer mal
a toda a sociedade ao beneficiar um bandido que fora condenado mais de
uma vez.
Nos seus arroubos de autoridade altamente competente e conhecedora profunda dos ditames legais, o ministro Marco Aurélio Mello, ao ter a sua decisão de soltar o traficante André do Rap revogada pelo presidente da Suprema Co, o ministro Luiz Fux, classificou a acertada atitude de autoritária. Ora, essa, então - e considerando a situação que como disse Luiz Fux, foi excepcionalíssima - decidir unilateralmente pela soltura de um criminoso perigoso fazendo a interpretação de um texto legal que tem muito de controverso não foi uma atitude autoritária, para não dizer irresponsável? Por que o ministro Marco Aurélio de Mello não levou o exame da questão para discussão em plenário em vez de sozinho assinar a soltura de um dos maiores traficantes de drogas do país?
Vejam vocês que na mesma semana em que um membro do STF decidiu que um traficante de alta periculosidade poderia voltar às ruas Por que era/é assim que determinava/determina a lei, outro, no caso o ministro Luís Roberto Barroso, pediu o afastamento - a prisão é impossível porque o meliante goza de imunidade parlamentar- das atividades parlamentares do senador Chico Rodrigues, membro do Conselho de Ética do Senado, imaginem, que, numa operação da Polícia Federal, foi flagrado com milhares de reais escondidos, ops, guardados na cueca, na poupança, ops, nas nádegas. É pensar que, desde a semana passada, segundo a fala do senhor presidente da República Jair Bolsonaro a corrupção havia sido extinta nesta malsinada nação . Que coisa, hein? O Brasil é ou não é um país surpreendente?
De minha parte, eu que adoro uma freia, uma ironia, um humor negro e um sarcasmo, me vi tocado pela musa poética e fiz um "Rap da soltura", afinal, um episódio tão relevante para a história da impunidade que você já neste Brasil varonil não poderia deixar de ser registrado pelo olhar de um artista, ainda que de um artista de segunda categoria não é mesmo?!
Rap da soltura
Sou um bandido de alta periculosidade;
tráfico droga e o mais me der vontade.
Eu vou fazer sempre o que eu quiser.
Eu sou André do Rap e você é um mané.
Mano, não esquenta,
a tua hora vai chegar.
Essa Justiça é lenta, mas é fácil de enganar;
e nem ferramenta tu vai precisar usar.
Está na lei
pra todo mundo ver;
chama teu advogado, ele vai livrar você.
A corrupção acabou!
Foi o presidente que falou.
Mas não é isso o que eu vejo por aí.
O que era aquilo na cueca do amigo do Jair?
Brasília nunca foi pra mim uma cidade bendita;
muito pelo contrário, é uma terra maldita.
Enquanto os egos inflam no Planalto e no STF,
eu cá tô é de boa, eu sou André do Rap.
Podem bater palmas. Nós precisamos de alguma forma celebrar as injustiças, a miséria, a estupidez, a soberba, a arrogância, a burrice, o atraso, o subdesenvolvimento, o nepotismo, as rachadinhas, o enriquecimento ilícito, a indiferença, o ativismo, o analfabetismo funcional, o corporativismo, as ilicitudes, os penduricalhos nos já altos salários, as mamatas, as negociatas, os desvios e as malversações do dinheiro público, as quadrilhas, enfim, tudo o que faz desta desgraçada nação um dos cânceres mais agressivos que atacam o processo civilizatório do mundo.
Não, eu não vou recorrer da sentença. Eu sei que é perda de tempo, porque este país não tem jeito.
Infelizmente passamos por uma crise institucional jamais visto, em a lacuna jurídica há sempre tender para impunidade. Absurdo.
ResponderExcluir