Por Clênio Sierra de Alcântara
A conjunção planetária de
Júpiter e Saturno, ocorrida na última segunda-feira, trouxe em seu rastro a
prisão do morto-vivo, do pálido zumbi Marcelo Crivella, que, até o próximo dia
31 de dezembro, permanece sendo oficialmente o prefeito do Rio de Janeiro. A capital
brasileira das desgraças, dos ladrões, dos milicianos e dos políticos corruptos
amargou, mais uma vez, a dura realidade de ver uma autoridade de renome ir
parar atrás das grades por fazer da administração pública um campo de práticas
desonestas.
Muito embora negue – e é
próprio do farsante, do encenador e do embusteiro negar os seus reais
propósitos -, o senhor Marcelo Crivella é um dos empedernidos e ativos
militantes do plano de poder engendrado pelo líder da Igreja Universal do Reino
de Deus, o execrável Edir Macedo, uma criatura que enriqueceu promovendo a
chamada “teologia da prosperidade”, que consiste em promover em seus templos
toda a sorte de ações que consigam arrancar de alguma forma o máximo de
dinheiro dos seus ingênuos e crédulos seguidores, dizendo que, só assim, eles
alcançarão a riqueza material terrena.
E por que o senhor Marcelo
Crivella foi parar atrás das grades e, depois, como é corriqueiro na Justiça
injusta que impera neste país, foi mandado cumprir prisão domiciliar? Segundo as
investigações em curso do Ministério Público do Rio de Janeiro, o nobre,
impoluto e religioso Marcelo Crivella chefiava um esquema que consistia no
repasse de propinas de empresários para a Prefeitura da cidade; tais pagamentos
ocorriam para que os executivos obtivessem vantagens em contratos públicos e no
pagamento de dívidas. O Ministério Público suspeita que a Igreja Universal do
Reino de Deus foi utilizada para lavagem de dinheiro; e que a instituição
religiosa tenha movimentado R$ 6 bilhões em todo o estado do Rio de Janeiro.
Vemos constantemente no
noticiário, desde há muito, que tanto o estado do Rio de Janeiro como a sua
capital, encontram-se com déficits fiscais e precisando urgentemente renegociar
suas dívidas. Em grande parte essa situação calamitosa foi fruto das movimentações
criminosas de muitos de seus administradores – vários deles e seus comparsas,
felizmente, continuam atrás das grades, de onde nunca mais deveriam sair – que lançaram
mão do que puderam para subtrair recursos públicos.
Os moradores da proclamada “Cidade
maravilhosa” fizeram, em 2016, aquela aposta típica de que quem sabe desde o
início que tem tudo para perder, não dar certo e fracassar. Como votar num
sujeito que representa o que o mundo político e a sociedade brasileira têm de
mais retrógrado e vil? Será que essas pessoas não tinham conhecimento do que
Edir Macedo e os dirigentes da cúpula administrativa da Igreja Universal do
Reino de Deus são capazes de fazer para encher os seus cofres? Será que esse
povo nunca assistiu a um dos vídeos de instrução de meliantes que ensinam como
arrancar dinheiro dos ditos fiéis? Como dizem por aí, o pior cego é o que não
quer ver e o pior surdo é o que não quer escutar. O autoengano não salva
ninguém de nada.
Como é de praxe, sempre que
vem à tona alguma revelação dando conta de práticas imorais e/ou ilícitas
verificadas em seus negócios, Edir Macedo e os seus escudeiros vêm com a
manjada retórica da perseguição e do ódio religioso. É uma cantilena desgraçada
e nada convincente. Querendo sair pela tangente esse pessoal infame e
salafrário que vende indulgências e que loteia um suposto paraíso celestial,
arrancando o que pode do seu rebanho, nega constantemente a ação de práticas
que investigações dizem ser criminosas; gente dessa laia fica a propagar que
críticos de suas ações, como eu, o que fazem é pregar a intolerância e o ódio
religioso. Não é nada disso. Intolerância e ódio religioso é o que eles pregam
em seus cultos contra as religiões de matriz africana e os ataques que eles
promovem contra as imagens dos santos da Igreja Católica. Protestantismo é uma
das divisões do cristianismo, que é uma religião; nome e razão social de
templos e de empresas que exploram a fé religiosa não. O que os Macedos, os
Malafaias, os Valdemiros, os Soares e os Crivellas fazem é manchar, é macular o
protestantismo. A ideia de que uma suposta “salvação divina” pode ser comercializada,
negociada e vendida é, por si mesma, uma ação repugnante praticada por
aproveitadores que enriquecem a olhos vistos e vivem vidas de muito luxo. Por que
será que o governo angolano está expulsando a Igreja Universal do Reino de Deus
do seu território?
Ao ser eleito prefeito do
Rio de Janeiro, em 2016, Marcelo Crivella talvez tenha pensado que conseguiria
fazer da “Cidade maravilhosa” o cenário, o lugar de experimento para o início
da teocracia e do plano de poder que o seu mentor Edir Macedo ambiciona para
todo o país. O projeto da teocracia foi um retumbante fracasso; o que
prosperou, segundo as investigações do Ministério Público, foram os negócios
escusos desde sempre promovidos pela “perseguida” e “caluniada” Igreja
Universal do Reino de Deus.
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