Por Clênio Sierra de Alcântara
Imagem: Internet Enquanto o Reino Unido começou a vacinar os seus cidadãos, no Brasil vemos um governante ainda minimizando a gravidade do coronavírus |
Dizem os entendidos em
assuntos bélicos que o pior dos inimigos a combater são aqueles que se camuflam
e se escondem de tal maneira que dificultam deveras as estratégias que visam a
sua rendição e/ou o seu aniquilamento total.
Trazendo o caráter belicista
para o campo da nossa vida comum, o que dizer de termos de viver sob a ameaça
de um inimigo que sem se valer de nenhuma camuflagem e sem precisar de nenhum
esconderijo, é invisível e letal por natureza?
Desde que surgiu na China,
há um ano, e, depois, se espalhou pelos quatro cantos do mundo provocando
milhares de mortes e mudanças nos nossos padrões de convivência, o coronavírus
se tornou o inimigo público número 1 de toda a humanidade, desencadeando, por
parte de epidemiologistas e diversos pesquisadores, uma verdadeira corrida contra
o tempo para conseguir produzir uma vacina que nos desse condições de poder
resistir à ação do vírus e, assim, continuarmos a existir preparados para
outras batalhas do dia a dia.
Sabe aqueles momentos que
você vivencia que lhe tocam de tal forma que você nunca mais esquece deles? Eu senti,
exatamente, uma grande emoção quando, na tarde da última terça-feira, dia 8 de
dezembro de 2020, assisti a uma reportagem do Jornal Hoje mostrando os primeiros seres humanos que receberam uma
vacina contra o coronavírus em fase não de testes para comprovar a sua
eficácia, e sim como objetivo de imunização da população - sim, a Rússia começou a vacinar antes, mas sem divulgar o resultado da fase 3 dos testes. Ver aqueles
senhorzinhos e senhorzinhas do Reino Unido recebendo as agulhadas salvadoras
foi certamente uma das cenas mais inesquecíveis da minha existência até aqui. Ao
mesmo tempo que me trouxeram um alívio, aquelas cenas que mostravam idosos
sendo vacinados contra um vírus que fez deste 2020 um ano maldito foi qualquer
coisa de estimulante e encorajador.
Em par com o combate ao
coronavírus, nós, habitantes deste grande pedaço do planeta, que é o Brasil,
temos de conviver com as diabruras e as perversidades de um presidente da República
que, além de perverso, é tresloucado a ponto de desacreditar a comunidade
científica, de menosprezar a gravidade do coronavírus e de agir com
insensibilidade, desrespeito e descaso para com a memória dos até agora mais de
180.00 cidadãos que morreram vitimados pela covid-19 neste país. O senhor Jair
Bolsonaro, que parece ignorar o noticiário, porque enxerga o noticiário como
inimigo do seu desgoverno, sobretudo, a Rede Globo, o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, continua mantendo a sua pose de
irresponsável-mor e fazendo declarações estapafúrdias num momento em que, na
maioria dos estados brasileiros, os casos de contaminação pelo coronavírus
estão em alta. E isso se deu porque as determinações sanitárias foram
flexibilizadas e uns e outros continuam desrespeitando os cuidados básicos de
usar máscaras e evitar aglomerações desnecessárias – as inúmeras festas
clandestinas onde impera de tudo, menos a prevenção contra o coronavírus, são
uma das faces mais visíveis e contundentes da desumanidade e da falta de
empatia que nos habitam.
O início do processo de imunização contra o coronavírus foi, para mim, mais do que alentador. E eu confio que, no rastro de todas as perversidades e treslouquices praticadas por esse desgoverno que aí está, no tempo devido os brasileiros de boa cepa hão também de fazer frente e combater o bolsonarovírus.
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