12 de dezembro de 2020

V de vacina. V de vitória. V de vida. V de vade-retro bolsonarovírus

 Por Clênio Sierra de Alcântara

 

Imagem: Internet
 Enquanto o Reino Unido começou a vacinar os seus cidadãos, no Brasil vemos um governante ainda minimizando a gravidade do coronavírus


 

Dizem os entendidos em assuntos bélicos que o pior dos inimigos a combater são aqueles que se camuflam e se escondem de tal maneira que dificultam deveras as estratégias que visam a sua rendição e/ou o seu aniquilamento total.

Trazendo o caráter belicista para o campo da nossa vida comum, o que dizer de termos de viver sob a ameaça de um inimigo que sem se valer de nenhuma camuflagem e sem precisar de nenhum esconderijo, é invisível e letal por natureza?

Desde que surgiu na China, há um ano, e, depois, se espalhou pelos quatro cantos do mundo provocando milhares de mortes e mudanças nos nossos padrões de convivência, o coronavírus se tornou o inimigo público número 1 de toda a humanidade, desencadeando, por parte de epidemiologistas e diversos pesquisadores, uma verdadeira corrida contra o tempo para conseguir produzir uma vacina que nos desse condições de poder resistir à ação do vírus e, assim, continuarmos a existir preparados para outras batalhas do dia a dia.

Sabe aqueles momentos que você vivencia que lhe tocam de tal forma que você nunca mais esquece deles? Eu senti, exatamente, uma grande emoção quando, na tarde da última terça-feira, dia 8 de dezembro de 2020, assisti a uma reportagem do Jornal Hoje mostrando os primeiros seres humanos que receberam uma vacina contra o coronavírus em fase não de testes para comprovar a sua eficácia, e sim como objetivo de imunização da população - sim, a Rússia começou a vacinar antes, mas sem divulgar o resultado da fase 3 dos testes. Ver aqueles senhorzinhos e senhorzinhas do Reino Unido recebendo as agulhadas salvadoras foi certamente uma das cenas mais inesquecíveis da minha existência até aqui. Ao mesmo tempo que me trouxeram um alívio, aquelas cenas que mostravam idosos sendo vacinados contra um vírus que fez deste 2020 um ano maldito foi qualquer coisa de estimulante e encorajador.

Em par com o combate ao coronavírus, nós, habitantes deste grande pedaço do planeta, que é o Brasil, temos de conviver com as diabruras e as perversidades de um presidente da República que, além de perverso, é tresloucado a ponto de desacreditar a comunidade científica, de menosprezar a gravidade do coronavírus e de agir com insensibilidade, desrespeito e descaso para com a memória dos até agora mais de 180.00 cidadãos que morreram vitimados pela covid-19 neste país. O senhor Jair Bolsonaro, que parece ignorar o noticiário, porque enxerga o noticiário como inimigo do seu desgoverno, sobretudo, a Rede Globo, o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, continua mantendo a sua pose de irresponsável-mor e fazendo declarações estapafúrdias num momento em que, na maioria dos estados brasileiros, os casos de contaminação pelo coronavírus estão em alta. E isso se deu porque as determinações sanitárias foram flexibilizadas e uns e outros continuam desrespeitando os cuidados básicos de usar máscaras e evitar aglomerações desnecessárias – as inúmeras festas clandestinas onde impera de tudo, menos a prevenção contra o coronavírus, são uma das faces mais visíveis e contundentes da desumanidade e da falta de empatia que nos habitam.

O início do processo de imunização contra o coronavírus foi, para mim, mais do que alentador. E eu confio que, no rastro de todas as perversidades e treslouquices praticadas por esse desgoverno que aí está, no tempo devido os brasileiros de boa cepa hão também de fazer frente e combater o bolsonarovírus.

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