20 de fevereiro de 2021

Daniel Silveira: o fodão do colhão roxo

 Por Clênio Sierra de Alcântara


Sorry, bolsonarianos! Desta vez a impunidade, a conivência e o espírito de corpo não prevaleceram. Daniel Silveira caiu na cova dos leões e agora é esperar que ele seja caçado, ops, cassado.

 

Olhando ao redor e acompanhando o noticiário que vem da capital deste desgraçado país, eu me pego a imaginar o quanto ficam a arquitetar para o bem e o progresso da nação seres ignóbeis e de maus bofes como esse sujeito que atende pelo nome de Daniel Silveira. Que planos mirabolantes será que gente dessa estirpe elabora para apresentar no Congresso Nacional? Do que será que esses tipinhos seriam capazes se não houvesse as instâncias das leis para de algum modo segurá-los?

Quando a notícia da prisão do deputado federal Daniel Silveira, o brabo, o intimidador, o destemido, o valentão, o acusador, o boçal, o difamador, o salvador da pátria, o homofóbico, o pornográfico, o militante do fim da democracia, o corajoso, o fiel escudeiro do chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana, o de sangue nos olhos, o maculador da memória de Marielle Franco, o que se recusa a usar máscara, o cão da bexiga lixa, o fodão do colhão roxo ganhou o noticiário, eu gastei meu precioso tempo para assistir ao famigerado vídeo de pouco mais de dezenove minutos que o nobilíssimo parlamentar divulgou no YouTube.

Quem assistiu ao verborrágico e algo bestial vídeo que motivou a acertada decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar prender o senhor Daniel Silveira, compreendeu, eu suponho, que o entendimento que essa criatura, esse ser bronco, autoritário e estúpido tem dos conceitos de liberdade de expressão e de imunidade parlamentar extrapola completamente o que está determinado nos textos legais.

Não acredito que tenha causado espanto – a mim, pelo menos, não causou – aos que acompanham a trajetória do impávido colosso congressista, o conteúdo do vídeo. Não se pode esperar qualquer mínima coisa boa e relevante que parta desse tipo de gente. Portando-se como o arauto de toda verdade que há e da ordem política que, segundo ele, é preciso instituir por aqui para que este país finalmente entre nos eixos, um prepotente Daniel Silveira, que só faltou aparecer no vídeo empunhando um fuzil desses que os milicianos e outros delinquentes do Rio de Janeiro costumam carregar a tiracolo para dar um tom ainda mais intimidador ao seu discurso de direitista, disparou a sua metralhadora verbal na direção dos membros do STF, acusando um e outro de prática de crimes e desancando a todos, numa completa e total demonstração do quão abissal é a incapacidade de sua pessoa para ocupar qualquer cargo e/ou função pública que seja, que dirá de deputado de um Congresso Nacional.

Não satisfeito em ofender a pessoa de cada ministro, o incontrolável senhor Daniel Silveira proferiu ofensas à ordem democrática, incitou à violência, fez apologia à Ditadura Militar e reiteradamente ficou a querer pôr em confronto o STF e as Forças Armadas, como, aliás, mais de uma vez fez o próprio chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana e nada foi feito contra ele, o que é um completo e vergonhoso absurdo, porque o seu comportamento, que é um misto de esquizofrenia e perversidade, serve de exemplo e estimula que outros iguais e/ou piores do que ele entrem em ação.

Não precisa se recorrer a uma lente de aumento para que se veja que as Forças Armadas, em geral, e o Exército, em particular, não estão fazendo boa figura nos dias que correm. Como não reconhecer o tom intimidador que o general Eduardo Villas Bôas usou contra o STF lá em 2018, quando a Suprema Corte pôs em pauta o julgamento de um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Qual a real intenção do senhor general Eduardo Villas Bôas ao ironizar, dias atrás, uma declaração do ministro Edson Fachin que disse ser “intolerável” qualquer pressão injurídica sobre o Judiciário, uma evidente reprovação à mensagem do general que veio novamente à tona num livro lançado recentemente? Em 2018 a tal mensagem visava à garantia da eleição do indisciplinado e malquisto ex-capitão? Quer dizer que de general o senhor Eduardo Villas Bôas atuou como cabo eleitoral respaldado, digamos assim, pela Lei de Segurança Nacional? O Partido dos Trabalhadores passou mais de uma década governando este país e quer dizer que só então, em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou uma ameaça à estabilidade da nação? Por que o Exército apoiou a candidatura de um sujeito que, até onde se sabe, era indisciplinado e malquisto pela Corporação no tempo em que nela servia? A troco de que se deu isso? De ocupação de ministérios e de outros cargos no Governo? De que o oficialato seria poupado na reforma da previdência? Da garantia de orçamentos volumosos para as Forças Armadas? Do aumento expressivo dos seus salários? Como historiador e por tudo o que eu já li e continuo a ler sobre a atuação das Forças Armadas na História recente deste infeliz país, eu não consigo deixar de perceber e de avaliar que elas continuarão exercendo um tom intimidador sobre a nação, como que dizendo: “Olhem para trás e vejam do que nós fomos capazes de fazer de 1964 a 1985”. Eis o que restou para nós cidadãos da tão propalada defesa da soberania nacional, que serve para justificar tudo, inclusive e principalmente, intimidação, censura, prisão, tortura e desaparecimento dos supostos inimigos da ordem estabelecida.

Depois desse hiato, voltemos ao senhor Daniel Silveira, que daria um bom personagem numa releitura da obra A fazenda dos animais, do George Orwell. Atravessando uma pandemia que até o dia de hoje ceifou 246.006 vidas por aqui; verificando a existência de mais de 14 milhões de desempregados; assistindo ao fechamento de fábricas e de estabelecimentos comerciais; e acompanhando a miserabilidade de um número enorme de indivíduos que estão passando fome por aí, o senhor Daniel Silveira, o boca-suja Daniel Silveira aponta como solução para a crise socioeconômica e sanitária da República Antidemocrática Bolsonariana, que, em vez de vacina para cada cidadão entende que o melhor mesmo é uma arma de fogo, o discurso de ódio, a ruptura dos poderes, o incentivo à violência e a destruição dos pilares da democracia, apelando que as Forças Armadas novamente tomem o controle de tudo, porque, segundo a ótica bestial dele, que é um ex-PM com uma pasta de assentamentos repleta de prisões, detenções e advertências, só elas seriam e são capazes de, como eu já disse, pôr o caos em ordem.

O que tem de falastrão e de indisciplinado e de verborrágico e de bravateiro, o senhor Daniel Silveira tem de paradoxal: como alguém que não respeitava o código disciplinar de uma Polícia Militar defende os rigores de uma ditadura imposta pelo Exército? Talvez ele não saiba o que realmente ocorreu de 1964 até 1985; ou, então, ele acredita piamente que seria um dos protegidos do regime controlado pelas Forças Armadas. A ingenuidade e a pretensão do senhor Daniel Silveira só são menores do que a sua arrogância e a sua prepotência.

Falta uma série de atributos ao senhor Daniel Silveira para que ele pudesse ser visto como um cidadão de bem, algo que, desconfio, ele jamais será, porque ele deixa o tempo todo transparecer que tem uma propensão natural para se manter no estágio de animalidade. Por ora, o impávido colosso parlamentar, que ontem fez um patético e nada crível pedido de desculpas à nação pensando que, com isso, convenceria a maioria dos seus pares da Câmara dos Deputados a tirá-lo da prisão, vai continuar mais uns dias preso para aprender – eu ia quase dizendo a ser gente – a respeitar as autoridades, a independência e a harmonia entre os poderes e os fundamentos da democracia.

Sorry, bolsonarianos! Desta vez a impunidade, a conivência e o espírito de corpo não prevaleceram. Daniel Silveira caiu na cova dos leões e agora é esperar que ele seja caçado, ops, cassado.

PS – Contra os 21 anos de censura, prisão, tortura e desaparecimento de supostos inimigos da ordem estabelecida, 21 vezes eu repito: Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais!  Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais! Ditadura nunca mais!

3 comentários:

  1. Boa tarde meu amigo! Vejo que ñ só você, como outros intelectuais, escritores e formadores de opinião resolveram não mais stuatar tanta violência contra aos qie acreditam na democracia. Liberdade antes qie tardia!

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  2. Como se nao bastasse, o discurso de ódio deste protagonista, ainda se pode dizer que foi acertada a decisão do Ministro Alexandre de Morais, que com coragem acendeu a chama de que é possível sim acabar com está tão queridinha imunidade parlamentar, abrindo caminhos e entendimento de que não se pode confundir liberdade expressão x libertinagem, ditadura , opressão, dos moralista que insistem tomar conta deste país. Os adjetivos impreguinados neste texto, resume bem os desmandos deste parlamentares, ratos que se escondem naquela assembleia. São tantos os flor de Lins e Daniel Silveira, que pregam os anseios da desordem, antidemocráticos. A prisão, caiu como um cheque mate, enquadrando na jaula, um bicho asqueroso e sem escrúpulo da estirpe desse Daniel, que insiste ignorar seja quem for que fique no seu caminho. Quanto a você Daniel, " aqui no IML você não entra e pronto sem a máscara, aqui quem manda sou eu e pronto" fala ... ( Servidora do Iml) .

    Por fim, a brabeza do cão Sarnento, o enrustido que não sai do armário enfim ficou mansinho...

    O texto resume toda indignação do povo brasileiro.

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