Por Clênio Sierra de Alcântara
O Brasil tem jeito? Tem. É só dar descarga na latrina que está cheia até as bordas de maus políticos, sem esquecermos de que eles são o retrato dos indivíduos que os elegem |
É inegável que, na esteira
de um rol de medidas restritivas estabelecidas com o objetivo de conter a
disseminação do contágio pelo coronavírus nós, meros mortais que não dispomos
de carros próprios e nem de veículos oficiais à nossa disposição e, por isso,
fazemos uso do sistema de transporte público de passageiros, tenhamos
diariamente de embarcar em ônibus, trens e metrôs superlotados. Essa é só uma
entre várias questões levantadas por aqueles que se veem obrigados a parar de
trabalhar em cumprimento às determinações governamentais, porque os seus
empregos e/ou ocupações não se enquadram nos chamados “serviços essenciais”. Ou
seja, estamos convivendo há praticamente um ano com a pandemia e os governantes
devem continuar pensando que ônibus, trens e metrôs abarrotados de gente são
ambientes livres de contaminação pelo coronavírus.
Enquanto estive e permaneço
fazendo o registro dos meus testemunhos, como cidadão, como intelectual, como
artista e como historiador da realidade que tenho enxergado e vivenciado
durante este tempo sombrio dominado pela pandemia letal que até o dia de hoje,
apenas neste país, levou embora 264.446 vidas, mais de uma vez eu registrei
aqui que essa calamidade expôs ainda mais e agravou severamente o nível de
miserabilidade e de indigência – não apenas socioeconômica, mas também moral e
ética – em que vivem milhões e milhões de indivíduos desta desgraçada nação.
Sim, decerto que é
assustador, para mim, conviver o tempo todo com a possibilidade de me ver
contaminado pelo coronavírus, e, numa eventual piora de minha condição clínica,
amargar dias internado e, quiçá, não sair com vida do leito de um hospital.
Essa é uma realidade que me assusta; e tanto quanto essa realidade ou bem mais
do que ela, é deveras assustador assistir quase que diariamente ao
comportamento misto de burlesco e animalesco do chefe-supremo da República
Antidemocrática Bolsonariana que, à maneira de um urubu-rei, fica como que a
festejar a quantidade de mortes que a covid-19 vem provocando e incita os
indivíduos perversos como ele a se rebelarem contra as medidas sanitárias.
Neste ínterim, ficamos nós a esperar por vacinas que estão demorando a chegar.
Como compreender que tanta
gente aja de modo tão irresponsável e participe de festas clandestinas? E
frequente bares e restaurantes em horários não permitidos? E desdenhe e até
proteste contra o uso de uma simples máscara? E siga disseminando notícias
falsas nas redes sociais objetivando desacreditar a ciência e desmoralizar
governadores e prefeitos que estão cumprindo à risca o combate à pandemia,
ainda que o transporte público de passageiros continue um quadro medonho? E que
essa gente, esse verdadeiro esquadrão da maldade, continue defendendo com unhas
e dentes e revólveres o comportamento algo bestial e genocida do chefe-supremo
da República Antidemocrática Bolsonariana? Pensando bem, não é tão difícil
compreender tais comportamentos: quem apoia e compactua com a prática da
perversidade e da desumanidade é porque é igualmente perverso e desumano.
No embalo dos protestos
antidemocráticos; dos apelos pela reedição de um Ato Institucional nº 5; da
avalanche de fake news; do estímulo
ao descumprimento das medidas sanitárias; das dezenas de festas clandestinas –
até um baile de idosos em São Paulo! -; dos milhões de reais gastos com cloroquina, azitromicina e leite condensado; dos ataques aos poderes Judiciário e
Legislativo; da opressão e agressão a repórteres e à chamada “mídia golpista”;
do abate do miliciano Adriano da Nóbrega; dos aumentos dos preços dos alimentos
e da gasolina e do gás de cozinha; e do empenho do Congresso Nacional para
aprovar a Proposta de Emenda Constitucional da Impunidade, ops, Imunidade, este
país vai dia a dia contabilizando um ainda grande número de mortes provocadas
pelo coronavírus.
Enquanto isso, nas correntes de ar quente do Planalto Central, urubus e outras aves de rapina, ao modo do
esquadrão da maldade, celebram entusiasticamente o grande êxito de um
bem-sucedido empresário do ramo de venda de chocolates que também calha de ser,
imaginem só, senador e filho do honestíssimo chefe-supremo da República
Antidemocrática Bolsonariana. Pelo contentamento e pelo entusiasmo demonstrados,
a urubuzada deve estar ansiosa para fazer churrasco na mansão de seis milhões
de reais adquirida pelo nobre vendedor de chocolates e senador.
O Brasil tem jeito? Tem. É só dar descarga na latrina que está cheia até as bordas de maus políticos, sem esquecermos de que eles são o retrato dos indivíduos que os elegem.
A ignorância a cada dia, toma mais espaço nesse país, cada vez mais irresponsável. Os argumentos dos genocidas são os mesmo, a "culpa é da esquerda" e se lixe quem se comporta ao contrário deles, é o abutre e os milhares de carniça. A comitiva do ódio, aqui na Brasil segue sem máscaras, mas em Israel todos de máscaras. É o cinismo da ignorância imperando, e o povo aplaudindo, é a morte dizimando, e o povo aplaudindo. Até que um dia, a morte bate na sua casa, e os ratos responsabilizam os governadores e mesmo assim, a cegueira continua. Que povo desprezível, sem caráter Que nem o pior vírus e capaz de levar. Cadê os pastores que não mandam esse mal para o inferno. Abutres, mal do século .
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