6 de março de 2021

Urubu-rei e outras aves de rapina da República Antidemocrática Bolsonariana

 Por Clênio Sierra de Alcântara

 

O Brasil tem jeito? Tem. É só dar descarga na latrina que está cheia até as bordas de maus políticos, sem esquecermos de que eles são o retrato dos indivíduos que os elegem



É inegável que, na esteira de um rol de medidas restritivas estabelecidas com o objetivo de conter a disseminação do contágio pelo coronavírus nós, meros mortais que não dispomos de carros próprios e nem de veículos oficiais à nossa disposição e, por isso, fazemos uso do sistema de transporte público de passageiros, tenhamos diariamente de embarcar em ônibus, trens e metrôs superlotados. Essa é só uma entre várias questões levantadas por aqueles que se veem obrigados a parar de trabalhar em cumprimento às determinações governamentais, porque os seus empregos e/ou ocupações não se enquadram nos chamados “serviços essenciais”. Ou seja, estamos convivendo há praticamente um ano com a pandemia e os governantes devem continuar pensando que ônibus, trens e metrôs abarrotados de gente são ambientes livres de contaminação pelo coronavírus.

Enquanto estive e permaneço fazendo o registro dos meus testemunhos, como cidadão, como intelectual, como artista e como historiador da realidade que tenho enxergado e vivenciado durante este tempo sombrio dominado pela pandemia letal que até o dia de hoje, apenas neste país, levou embora 264.446 vidas, mais de uma vez eu registrei aqui que essa calamidade expôs ainda mais e agravou severamente o nível de miserabilidade e de indigência – não apenas socioeconômica, mas também moral e ética – em que vivem milhões e milhões de indivíduos desta desgraçada nação.

Sim, decerto que é assustador, para mim, conviver o tempo todo com a possibilidade de me ver contaminado pelo coronavírus, e, numa eventual piora de minha condição clínica, amargar dias internado e, quiçá, não sair com vida do leito de um hospital. Essa é uma realidade que me assusta; e tanto quanto essa realidade ou bem mais do que ela, é deveras assustador assistir quase que diariamente ao comportamento misto de burlesco e animalesco do chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana que, à maneira de um urubu-rei, fica como que a festejar a quantidade de mortes que a covid-19 vem provocando e incita os indivíduos perversos como ele a se rebelarem contra as medidas sanitárias. Neste ínterim, ficamos nós a esperar por vacinas que estão demorando a chegar.

Como compreender que tanta gente aja de modo tão irresponsável e participe de festas clandestinas? E frequente bares e restaurantes em horários não permitidos? E desdenhe e até proteste contra o uso de uma simples máscara? E siga disseminando notícias falsas nas redes sociais objetivando desacreditar a ciência e desmoralizar governadores e prefeitos que estão cumprindo à risca o combate à pandemia, ainda que o transporte público de passageiros continue um quadro medonho? E que essa gente, esse verdadeiro esquadrão da maldade, continue defendendo com unhas e dentes e revólveres o comportamento algo bestial e genocida do chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana? Pensando bem, não é tão difícil compreender tais comportamentos: quem apoia e compactua com a prática da perversidade e da desumanidade é porque é igualmente perverso e desumano.

No embalo dos protestos antidemocráticos; dos apelos pela reedição de um Ato Institucional nº 5; da avalanche de fake news; do estímulo ao descumprimento das medidas sanitárias; das dezenas de festas clandestinas – até um baile de idosos em São Paulo! -; dos milhões de reais gastos com cloroquina, azitromicina e leite condensado; dos ataques aos poderes Judiciário e Legislativo; da opressão e agressão a repórteres e à chamada “mídia golpista”; do abate do miliciano Adriano da Nóbrega; dos aumentos dos preços dos alimentos e da gasolina e do gás de cozinha; e do empenho do Congresso Nacional para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional da Impunidade, ops, Imunidade, este país vai dia a dia contabilizando um ainda grande número de mortes provocadas pelo coronavírus.

Enquanto isso, nas correntes de ar quente do Planalto Central, urubus e outras aves de rapina, ao modo do esquadrão da maldade, celebram entusiasticamente o grande êxito de um bem-sucedido empresário do ramo de venda de chocolates que também calha de ser, imaginem só, senador e filho do honestíssimo chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana. Pelo contentamento e pelo entusiasmo demonstrados, a urubuzada deve estar ansiosa para fazer churrasco na mansão de seis milhões de reais adquirida pelo nobre vendedor de chocolates e senador.

O Brasil tem jeito? Tem. É só dar descarga na latrina que está cheia até as bordas de maus políticos, sem esquecermos de que eles são o retrato dos indivíduos que os elegem.

Um comentário:

  1. A ignorância a cada dia, toma mais espaço nesse país, cada vez mais irresponsável. Os argumentos dos genocidas são os mesmo, a "culpa é da esquerda" e se lixe quem se comporta ao contrário deles, é o abutre e os milhares de carniça. A comitiva do ódio, aqui na Brasil segue sem máscaras, mas em Israel todos de máscaras. É o cinismo da ignorância imperando, e o povo aplaudindo, é a morte dizimando, e o povo aplaudindo. Até que um dia, a morte bate na sua casa, e os ratos responsabilizam os governadores e mesmo assim, a cegueira continua. Que povo desprezível, sem caráter Que nem o pior vírus e capaz de levar. Cadê os pastores que não mandam esse mal para o inferno. Abutres, mal do século .

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