Por Sierra
Poucos meses depois de ter
sido instalado no Palácio do Planalto como presidente da República, o senhor
Jair Bolsonaro deixou mais do que evidente que esse negócio de fidelidade a
supostos amigos e/ou apoiadores não era com ele; e enxotou, sem dó nem piedade,
Gustavo Bebianno do seu desgoverno e do seu convívio. Já ali se manifestara o
espírito de desapego do intolerante comandante. Era só o começo.
Os meses e anos foram se
passando desde que este miserável país teve o infortúnio de eleger como
mandatário da nação um ser da gigantesca mediocridade e malignidade desse
indivíduo e o que até agora mais se viu foi a sua completa e total incapacidade
de ocupar o cargo que por ora ocupa. À sua incompetência e à sua inaptidão para
bem conduzir os rumos do Brasil, o senhor Jair Bolsonaro junta uma boçalidade
cavalar, uma psicopatia incomensurável e uma pretensão enorme de querer de
alguma forma domar os seus instintos perversos. Ninguém consegue efetivamente
fazer isso; e muito menos alguém como esse sujeito que parece não compreender
que o seu discurso vociferante e a sua postura algo esquizofrênica podem até
fazer eco e agradar os seus sequazes, mas também estão paulatinamente minando a
possibilidade de ele ser reeleito no ano que vem. Tudo indica – e muitas forças
hão de se aglutinar para promover isso – que o senhor Jair Bolsonaro, com toda
sua suposta honestidade, com toda sua empáfia, com todo seu falso moralismo,
com toda sua pauta de costumes e com todo seu cristianismo nocivo e cruel há de
ser defenestrado e escorraçado do gabinete presidencial por milhões e milhões
de votos dos cidadãos que em momento algum ele conseguiu enganar – também os
votos de outros tantos que reconheceram que apostaram muitíssimo errado em 2018
-; e ele voltará ao limbo de onde nunca deveria ter saído.
Dando continuidade à sua
prática de abandonar pelo caminho quem supostamente lhe desagrada, o senhor
Jair Bolsonaro tirou do comando do Ministério da Defesa o general Fernando
Azevedo, porque, segundo se disse por aí, o esquizofrênico e megalômano e
superautoritário presidente da República tinha por certo que o obediente
general iria de tudo fazer para que as Forças Armadas apoiassem cegamente sua
postura de descrença e de ataques aos fundamentos democráticos e aos poderes
Legislativo e Judiciário. A queda de Fernando Azevedo, assim como a troca dos
comandantes de cada uma das Forças, foi um bem dado murro simbólico na face de
todo o oficialato da Marinha, da Aeronáutica e principalmente do Exército por
vários dos seus membros terem aceitado participar do desgoverno de um psicopata
que, no passado, planejou implantar bombas em quartéis. Lá atrás, ainda em
2019, o general Carlos Alberto Santos Cruz foi demitido da Secretaria do Governo e, depois, o general Otávio Rêgo Barros foi alijado do cargo de porta-voz da Presidência, e os
oficiais, tudo leva a crer, não aprenderam nada com os episódios, talvez, porque,
de tanto ouvirem o senhor presidente se referir ao Exército como “meu Exército”,
eles se viam privilegiados e, de alguma forma, ainda bem cotados na governança
de Seu Jair. De longe se vê que esse desgoverno está por aqui de boi de
piranha.
E o general Eduardo Pazuello,
hein, gente? O que será que até agora se passa na cabeça de um alto oficial –
da ativa ainda por cima – que fez a grande besteira de entrar no desgoverno de
um psicopata e ainda mais para assumir um inteiramente desacreditado e bombardeado
Ministério da Morte, ops, Saúde onde quem mandava era o chefe? E o que é pior:
ter sido retirado dele carregando a pecha de incompetente e de cúmplice-mor de
um genocida no transcurso de uma pandemia que caminha para atingir a marca de
400.000 mortos neste país.
A prática do senhor Jair
Bolsonaro de abandonar amigos e/ou apoiadores pelo caminho, como quem joga
cachorro do caminhão da mudança, eu acredito, recrudescerá à medida que uma
recentemente instalada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) começar a
convidar personagens ainda presentes e/ou já despachados do seu desgoverno para
que eles digam, se tiverem coragem e compromisso com a verdade, sobre os
bastidores dos inúmeros desacertos no combate ao coronavírus. Como era de se
esperar, Seu Jair tomou a CPI como uma manobra para atingir o seu desgoverno. E
ele queria o quê? Ser louvado e homenageado pelos parlamentares pelo conjunto
da obra? Ora, ele e os seus cupinchas que se preparem para responder o que lhes
for perguntado no Congresso Nacional. Quem não deve não teme, Seu Jair.
E a coisa, claro, não para
por aí. Numa ação que, a meu ver, tem algo de muito pensado e orquestrado, tal
qual aquela “conversa “azada” entre o senhor Jair Bolsonaro e o senador Jorge
Kajuru, o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten,
concedeu uma entrevista exclusiva que foi publicada pela edição da revista Veja que chegou às bancas neste fim de
semana. Caso você, leitor, ainda não viu a entrevista, eu recomendo que você a
leia. Wajngarten, o publicitário Wajngarten, sabe-se lá a que custo, deu uma
amostra bastante significativa de como homens de governo, de qualquer governo,
mesmo dos que se arvoram de ser porta-vozes e defensores – vixe, maria!! – da moral
e dos bons costumes, por algum motivo se empenham tenazmente para defender a
figura de seus chefes – no caso de Wajngarten, ex-chefe, o que torna o enredo
ainda mais intrigante.
Equilibrando-se numa
retórica que tem muito de quem parece ter auferido algo para mantê-la de pé,
Fabio Wajngarten, na entrevista concedida ao repórter Policarpo Junior,
espezinhou o já abandonado e largado à própria sorte general Eduardo Pazuello. Coitado
do general! Depois de ter sido jogado do caminhão da mudança em pleno movimento
ainda levou um contundente coice. Com o mesmo empenho com que maldisse a
nefanda passagem do general Pazuello pelo Ministério da Morte, ops, Saúde,
Fabio Wajngarten tratou de, como se isso fosse possível, imaginem, livrar a
cara e isentar de quaisquer responsabilidades o senhor Jair Bolsonaro. Das duas
uma: ou o senhor Wajngarten, como publicitário que é, subestima a capacidade de
entendimento da plateia; ou, assim como o seu “ex-chefe”, vive também ele em um
universo paralelo.
Como isentar o senhor
presidente da República de tudo de ruim que ele e os seus comandados fizeram no
combate à pandemia? Por acaso o Ministério da Morte, ops, Saúde tem autonomia e
vida própria e não faz parte do desgoverno? Quem é que nomeou os tais
personagens que ocuparam o Ministério da Morte, ops, Saúde? Como isentar de
responsabilidade um governante que desde o início minimizou e fez pilhérias com
a gravidade da pandemia? Que desacreditou a eficácia das vacinas? Que se recusava
a usar máscara? Que promovia e promove aglomerações tendo tomado parte até em
manifestações de cunho antidemocrático? Que vibrou quando a Agência Nacional de
Vigilância sanitária suspendeu temporariamente testes com uma vacina? E que até
hoje, de modo igualmente irresponsável e perverso, defende um chamado “tratamento
precoce” contra a covid-19 reprovado pela comunidade científica e critica,
praticamente todos os dias, as medidas restritivas, como o isolamento social,
que visam barrar a escalada de contágio por um vírus que, repito, caminha
serelepe para ceifar 400.000 vidas neste país?
Pelo andar do tanque de
guerra conduzido pelo psicopata genocida Jair Bolsonaro, aquele que nem se
pronunciou sobre o falecimento do Major Olimpio, senador que o apoiava, a CPI
há de provocar mais distúrbios em um já muito perturbadíssimo condutor. Os dias
virão e hão de nos mostrar quão nobre é Seu Jair e quão tamanha é sua
disposição para continuar abandonando e largando a esmo uns e outros que em
algum momento lhe estenderam a mão, porque essa é a sua estratégia de defesa:
culpabilizar e abandonar e vice-versa. Vamos combinar: os largados e
abandonados bem que merecem o castigo por terem se juntado a um indivíduo que
além de psicopata é genocida.
Dizem por aí que o caminho
que leva ao inferno é bem mais atrativo e sedutor do que o que leva ao céu.
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