24 de abril de 2021

Abandonados pelo caminho

 Por Sierra

 


Pelo andar do tanque de guerra conduzido pelo psicopata genocida Jair Bolsonaro, a CPI há de provocar mais distúrbios em um já muito perturbadíssimo condutor. Os dias virão e hão de nos mostrar quão nobre é Seu Jair e quão tamanha é sua disposição para continuar abandonando e largando a esmo uns e outros que em algum momento lhe estenderam a mão, porque essa é a sua estratégia de defesa: culpabilizar e abandonar e vice-versa.

                             


Poucos meses depois de ter sido instalado no Palácio do Planalto como presidente da República, o senhor Jair Bolsonaro deixou mais do que evidente que esse negócio de fidelidade a supostos amigos e/ou apoiadores não era com ele; e enxotou, sem dó nem piedade, Gustavo Bebianno do seu desgoverno e do seu convívio. Já ali se manifestara o espírito de desapego do intolerante comandante. Era só o começo.

Os meses e anos foram se passando desde que este miserável país teve o infortúnio de eleger como mandatário da nação um ser da gigantesca mediocridade e malignidade desse indivíduo e o que até agora mais se viu foi a sua completa e total incapacidade de ocupar o cargo que por ora ocupa. À sua incompetência e à sua inaptidão para bem conduzir os rumos do Brasil, o senhor Jair Bolsonaro junta uma boçalidade cavalar, uma psicopatia incomensurável e uma pretensão enorme de querer de alguma forma domar os seus instintos perversos. Ninguém consegue efetivamente fazer isso; e muito menos alguém como esse sujeito que parece não compreender que o seu discurso vociferante e a sua postura algo esquizofrênica podem até fazer eco e agradar os seus sequazes, mas também estão paulatinamente minando a possibilidade de ele ser reeleito no ano que vem. Tudo indica – e muitas forças hão de se aglutinar para promover isso – que o senhor Jair Bolsonaro, com toda sua suposta honestidade, com toda sua empáfia, com todo seu falso moralismo, com toda sua pauta de costumes e com todo seu cristianismo nocivo e cruel há de ser defenestrado e escorraçado do gabinete presidencial por milhões e milhões de votos dos cidadãos que em momento algum ele conseguiu enganar – também os votos de outros tantos que reconheceram que apostaram muitíssimo errado em 2018 -; e ele voltará ao limbo de onde nunca deveria ter saído.

Dando continuidade à sua prática de abandonar pelo caminho quem supostamente lhe desagrada, o senhor Jair Bolsonaro tirou do comando do Ministério da Defesa o general Fernando Azevedo, porque, segundo se disse por aí, o esquizofrênico e megalômano e superautoritário presidente da República tinha por certo que o obediente general iria de tudo fazer para que as Forças Armadas apoiassem cegamente sua postura de descrença e de ataques aos fundamentos democráticos e aos poderes Legislativo e Judiciário. A queda de Fernando Azevedo, assim como a troca dos comandantes de cada uma das Forças, foi um bem dado murro simbólico na face de todo o oficialato da Marinha, da Aeronáutica e principalmente do Exército por vários dos seus membros terem aceitado participar do desgoverno de um psicopata que, no passado, planejou implantar bombas em quartéis. Lá atrás, ainda em 2019, o general Carlos Alberto Santos Cruz foi demitido da Secretaria do Governo e, depois, o general Otávio Rêgo Barros foi alijado do cargo de porta-voz da Presidência, e os oficiais, tudo leva a crer, não aprenderam nada com os episódios, talvez, porque, de tanto ouvirem o senhor presidente se referir ao Exército como “meu Exército”, eles se viam privilegiados e, de alguma forma, ainda bem cotados na governança de Seu Jair. De longe se vê que esse desgoverno está por aqui de boi de piranha.

E o general Eduardo Pazuello, hein, gente? O que será que até agora se passa na cabeça de um alto oficial – da ativa ainda por cima – que fez a grande besteira de entrar no desgoverno de um psicopata e ainda mais para assumir um inteiramente desacreditado e bombardeado Ministério da Morte, ops, Saúde onde quem mandava era o chefe? E o que é pior: ter sido retirado dele carregando a pecha de incompetente e de cúmplice-mor de um genocida no transcurso de uma pandemia que caminha para atingir a marca de 400.000 mortos neste país.

A prática do senhor Jair Bolsonaro de abandonar amigos e/ou apoiadores pelo caminho, como quem joga cachorro do caminhão da mudança, eu acredito, recrudescerá à medida que uma recentemente instalada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) começar a convidar personagens ainda presentes e/ou já despachados do seu desgoverno para que eles digam, se tiverem coragem e compromisso com a verdade, sobre os bastidores dos inúmeros desacertos no combate ao coronavírus. Como era de se esperar, Seu Jair tomou a CPI como uma manobra para atingir o seu desgoverno. E ele queria o quê? Ser louvado e homenageado pelos parlamentares pelo conjunto da obra? Ora, ele e os seus cupinchas que se preparem para responder o que lhes for perguntado no Congresso Nacional. Quem não deve não teme, Seu Jair.

E a coisa, claro, não para por aí. Numa ação que, a meu ver, tem algo de muito pensado e orquestrado, tal qual aquela “conversa “azada” entre o senhor Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru, o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, concedeu uma entrevista exclusiva que foi publicada pela edição da revista Veja que chegou às bancas neste fim de semana. Caso você, leitor, ainda não viu a entrevista, eu recomendo que você a leia. Wajngarten, o publicitário Wajngarten, sabe-se lá a que custo, deu uma amostra bastante significativa de como homens de governo, de qualquer governo, mesmo dos que se arvoram de ser porta-vozes e defensores – vixe, maria!! – da moral e dos bons costumes, por algum motivo se empenham tenazmente para defender a figura de seus chefes – no caso de Wajngarten, ex-chefe, o que torna o enredo ainda mais intrigante.

Equilibrando-se numa retórica que tem muito de quem parece ter auferido algo para mantê-la de pé, Fabio Wajngarten, na entrevista concedida ao repórter Policarpo Junior, espezinhou o já abandonado e largado à própria sorte general Eduardo Pazuello. Coitado do general! Depois de ter sido jogado do caminhão da mudança em pleno movimento ainda levou um contundente coice. Com o mesmo empenho com que maldisse a nefanda passagem do general Pazuello pelo Ministério da Morte, ops, Saúde, Fabio Wajngarten tratou de, como se isso fosse possível, imaginem, livrar a cara e isentar de quaisquer responsabilidades o senhor Jair Bolsonaro. Das duas uma: ou o senhor Wajngarten, como publicitário que é, subestima a capacidade de entendimento da plateia; ou, assim como o seu “ex-chefe”, vive também ele em um universo paralelo.

Como isentar o senhor presidente da República de tudo de ruim que ele e os seus comandados fizeram no combate à pandemia? Por acaso o Ministério da Morte, ops, Saúde tem autonomia e vida própria e não faz parte do desgoverno? Quem é que nomeou os tais personagens que ocuparam o Ministério da Morte, ops, Saúde? Como isentar de responsabilidade um governante que desde o início minimizou e fez pilhérias com a gravidade da pandemia? Que desacreditou a eficácia das vacinas? Que se recusava a usar máscara? Que promovia e promove aglomerações tendo tomado parte até em manifestações de cunho antidemocrático? Que vibrou quando a Agência Nacional de Vigilância sanitária suspendeu temporariamente testes com uma vacina? E que até hoje, de modo igualmente irresponsável e perverso, defende um chamado “tratamento precoce” contra a covid-19 reprovado pela comunidade científica e critica, praticamente todos os dias, as medidas restritivas, como o isolamento social, que visam barrar a escalada de contágio por um vírus que, repito, caminha serelepe para ceifar 400.000 vidas neste país?

Pelo andar do tanque de guerra conduzido pelo psicopata genocida Jair Bolsonaro, aquele que nem se pronunciou sobre o falecimento do Major Olimpio, senador que o apoiava, a CPI há de provocar mais distúrbios em um já muito perturbadíssimo condutor. Os dias virão e hão de nos mostrar quão nobre é Seu Jair e quão tamanha é sua disposição para continuar abandonando e largando a esmo uns e outros que em algum momento lhe estenderam a mão, porque essa é a sua estratégia de defesa: culpabilizar e abandonar e vice-versa. Vamos combinar: os largados e abandonados bem que merecem o castigo por terem se juntado a um indivíduo que além de psicopata é genocida.

Dizem por aí que o caminho que leva ao inferno é bem mais atrativo e sedutor do que o que leva ao céu.

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