17 de abril de 2021

Aos de(votos) do falso Messias e do santo do pau oco ou Não plantemos em nossa consciência a semente da estupidez

 Por Sierra

Crédito da imagem: Alan Santos
 Lula e Bolsonaro são o retrato de um país que fundamentalmente ainda não encontrou um estadista para colocá-lo no rumo certo


 

É tão imensamente flagrante a pequenez de minhas abordagens neste meu ilustre desconhecido espaço perdido nos confins da vastidão do universo on-line e, ainda assim, eu não me furto de registrá-las aqui, porque eu sou desses que sentem uma propensão enorme para pregar, ops, escrever no meio do deserto, certamente porque, maior, imensamente maior do que a minha pretensão de vir a ser muito lido, é a plenitude da satisfação de me expressar e de dizer o que eu quero dizer publicamente.

Não tenho fé político-partidária – nem religiosa – e nem sou escravo de ideologias. Não me tomem por anarquista e nem por niilista porque isso eu também não sou. Eu normalmente tendo a acreditar e a apostar em figuras políticas cujas ideias e/ou ideais de transformação social e/ou de busca do bem comum se coadunam com a minha visão de mundo. E, assim sendo e pensando, eu ajo com a consciência de que me ocupa e me preenche uma mínima clareza de entendimento de que eu tenho inteira e ampla autonomia e liberdade para votar em candidatos que me inspirem confiança; ou seja, não foi porque numa eleição eu votei em fulano que eu tornarei a votar nele em outra, porque minha apreciação sobre ele pode ter mudado.

Na mesma semana em que o senhor Jair Bolsonaro, o falso Messias, soltou mais uma de suas bravatas que enriquecerá o anedotário bestial palaciano de Brasília, a terra da pro(o)missão – desta vez, em conversa com um seu cupincha, o falso Messias disse assim, referindo-se ao senador Randolfe Rodrigues, por causa da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar ações do seu desgoverno no tocante ao combate à pandemia do coronavírus que, até o dia de hoje, ceifou a vida de 371.889 cidadãos deste país: que ia “ter que sair na porrada com um bosta desse” -, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou acompanhando o ministro Edson Fachin, que anulara sentenças condenatórias que haviam sido destinadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dito isso, tudo indica que, no pleito do ano que vem, o principal confronto na disputa eleitoral porá de um lado do ringue um Jair Bolsonaro que, em que pese ter sido eleito como arauto da honestidade – e, vá lá, também da moral e dos bons costumes – num país então convulsionado pelas investidas da Operação Lava-jato e em grande parte contrariado com roubalheiras que vicejaram durante os governos do Partido dos Trabalhadores, até agora de tudo fez para livrar os filhos das garras da Justiça e se cercou de gente que até o presente momento tudo o que fez foi manter e/ou piorar a situação calamitosa da nação – ministros da Educação destituídos do cargo por falta de habilidade e/ou competência, para dizer o mínimo; um ministro do Meio Ambiente inimigo do meio ambiente; uma ministra da Agricultura que defende a criação de gado como solução para as queimadas em áreas de preservação; e por aí vai – e, de outro, um Luiz Inácio Lula da Silva, o santo do pau oco em cujos governos indiscutivelmente muita, muita gente se reconheceu como gente e como cidadã, porque vivia sob uma governança que verdadeiramente entendia do grau de miserabilidade e de desamparo social em que milhões de brasileiros se encontravam e que, infelizmente, talvez, pelo deslumbre com o poder, talvez, por uma adesão descarada à podridão política reinante e dominadora no cenário nacional, se enredou, junto com companheiros de partido e com toda sorte de uma fauna voraz e devoradora de recursos públicos, em negócios por demais escusos que abalaram seriamente a supostamente inabalável integridade do Partido dos Trabalhadores, que muitos tinham como o partido da redenção nacional.

Ocorre que, como eu já disse noutra ocasião, o desonesto Luiz Inácio Lula da Silva tem um rol de benfeitorias para apresentar aos eleitores junto com sua ficha criminal, enquanto que o honesto Jair Bolsonaro até agora o que tem para mostrar aos seus devotos é isso, uma muito alardeada honestidade, algo absolutamente impalpável e pouco ou nada convincente para quem não tem emprego e não dispõe de dinheiro nem para levar comida para dentro de sua casa que dirá para pagar as contas. Creio que as obras empreendidas pelo Ministério da Infraestrutura de Seu Jair não enchem os olhos e nem o bucho dos pobres e desvalidos.

Muitos anos atrás eu apostei confiantemente na figura de Luiz Inácio Lula da Silva como alguém que, cercado de gente bem preparada intelectualmente, algo que ele não é, promoveria uma significativa mudança na estrutura social deste país, o que, eu reconheço, em grande parte aconteceu. Mas eu acabei me sentindo enganado pela trama de negociatas em que ele acabou se envolvendo; e eu o coloquei num índex. Já o senhor Jair Bolsonaro nunca e em momento algum me enganou, porque, aos meus olhos, ele sempre se apresentou como uma pessoa abjeta, incapaz, desprezível, perversa e falsamente moralista. Ambos, Lula e Bolsonaro, são o retrato de um país que fundamentalmente ainda não encontrou um estadista para colocá-lo no rumo certo.

Não plantemos em nossa consciência a semente da estupidez para que não repitamos erros que foram por demais ruinosos para este país.

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