Por Sierra
Crédito da imagem: Alan Santos Lula e Bolsonaro são o retrato de um país que fundamentalmente ainda não encontrou um estadista para colocá-lo no rumo certo |
É tão imensamente flagrante
a pequenez de minhas abordagens neste meu ilustre desconhecido espaço perdido
nos confins da vastidão do universo on-line e, ainda assim, eu não me furto de
registrá-las aqui, porque eu sou desses que sentem uma propensão enorme para
pregar, ops, escrever no meio do deserto, certamente porque, maior, imensamente
maior do que a minha pretensão de vir a ser muito lido, é a plenitude da
satisfação de me expressar e de dizer o que eu quero dizer publicamente.
Não tenho fé político-partidária
– nem religiosa – e nem sou escravo de ideologias. Não me tomem por anarquista e nem por
niilista porque isso eu também não sou. Eu normalmente tendo a acreditar e a
apostar em figuras políticas cujas ideias e/ou ideais de transformação social
e/ou de busca do bem comum se coadunam com a minha visão de mundo. E, assim
sendo e pensando, eu ajo com a consciência de que me ocupa e me preenche uma
mínima clareza de entendimento de que eu tenho inteira e ampla autonomia e
liberdade para votar em candidatos que me inspirem confiança; ou seja, não foi
porque numa eleição eu votei em fulano que eu tornarei a votar nele em outra,
porque minha apreciação sobre ele pode ter mudado.
Na mesma semana em que o
senhor Jair Bolsonaro, o falso Messias, soltou mais uma de suas bravatas que
enriquecerá o anedotário bestial palaciano de Brasília, a terra da pro(o)missão
– desta vez, em conversa com um seu cupincha, o falso Messias disse assim,
referindo-se ao senador Randolfe Rodrigues, por causa da instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar ações do seu
desgoverno no tocante ao combate à pandemia do coronavírus que, até o dia de
hoje, ceifou a vida de 371.889 cidadãos deste país: que ia “ter que sair na
porrada com um bosta desse” -, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) votou acompanhando o ministro Edson Fachin, que anulara sentenças
condenatórias que haviam sido destinadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Dito isso, tudo indica que,
no pleito do ano que vem, o principal confronto na disputa eleitoral porá de um
lado do ringue um Jair Bolsonaro que, em que pese ter sido eleito como arauto
da honestidade – e, vá lá, também da moral e dos bons costumes – num país então
convulsionado pelas investidas da Operação
Lava-jato e em grande parte contrariado com roubalheiras que vicejaram
durante os governos do Partido dos Trabalhadores, até agora de tudo fez para
livrar os filhos das garras da Justiça e se cercou de gente que até o presente
momento tudo o que fez foi manter e/ou piorar a situação calamitosa da nação –
ministros da Educação destituídos do cargo por falta de habilidade e/ou
competência, para dizer o mínimo; um ministro do Meio Ambiente inimigo do meio
ambiente; uma ministra da Agricultura que defende a criação de gado como
solução para as queimadas em áreas de preservação; e por aí vai – e, de outro,
um Luiz Inácio Lula da Silva, o santo do pau oco em cujos governos
indiscutivelmente muita, muita gente se reconheceu como gente e como cidadã,
porque vivia sob uma governança que verdadeiramente entendia do grau de
miserabilidade e de desamparo social em que milhões de brasileiros se
encontravam e que, infelizmente, talvez, pelo deslumbre com o poder, talvez,
por uma adesão descarada à podridão política reinante e dominadora no cenário
nacional, se enredou, junto com companheiros de partido e com toda sorte de uma
fauna voraz e devoradora de recursos públicos, em negócios por demais escusos
que abalaram seriamente a supostamente inabalável integridade do Partido dos
Trabalhadores, que muitos tinham como o partido da redenção nacional.
Ocorre que, como eu já disse
noutra ocasião, o desonesto Luiz Inácio Lula da Silva tem um rol de
benfeitorias para apresentar aos eleitores junto com sua ficha criminal,
enquanto que o honesto Jair Bolsonaro até agora o que tem para mostrar aos seus
devotos é isso, uma muito alardeada honestidade, algo absolutamente impalpável
e pouco ou nada convincente para quem não tem emprego e não dispõe de dinheiro
nem para levar comida para dentro de sua casa que dirá para pagar as contas.
Creio que as obras empreendidas pelo Ministério da Infraestrutura de Seu Jair não
enchem os olhos e nem o bucho dos pobres e desvalidos.
Muitos anos atrás eu apostei
confiantemente na figura de Luiz Inácio Lula da Silva como alguém que, cercado
de gente bem preparada intelectualmente, algo que ele não é, promoveria uma
significativa mudança na estrutura social deste país, o que, eu reconheço, em
grande parte aconteceu. Mas eu acabei me sentindo enganado pela trama de
negociatas em que ele acabou se envolvendo; e eu o coloquei num índex. Já o
senhor Jair Bolsonaro nunca e em momento algum me enganou, porque, aos meus
olhos, ele sempre se apresentou como uma pessoa abjeta, incapaz, desprezível,
perversa e falsamente moralista. Ambos, Lula e Bolsonaro, são o retrato de um
país que fundamentalmente ainda não encontrou um estadista para colocá-lo no
rumo certo.
Não plantemos em nossa
consciência a semente da estupidez para que não repitamos erros que foram por
demais ruinosos para este país.
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