Por Sierra
A Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI), ora em curso no Senado, pode até não dar em nada, como apostam
alguns governistas, mas, pelo menos até agora, ela tem servido para
descontrolar um pouco mais o muito descontrolado presidente da República, o
senhor Jair Messias Bolsonaro, o abominável.
Atente-se para o fato
primordial de que a CPI foi criada para apurar a conduta, a má conduta, digamos
assim, do desgoverno do senhor Jair Bolsonaro no tocante ao enfrentamento da
pandemia do coronavírus que, até o dia de hoje, ceifou 434.852 vidas apenas neste
país. A pergunta que eu faço a quem queira ler o que escrevo é: precisava haver
a instalação de uma CPI para que se constatassem a ingerência e as
movimentações irresponsáveis, para dizer o mínimo, praticadas pelo próprio
presidente da República e pelos paus mandados que ele instalou no Ministério da
Saúde que merecidamente recebeu a alcunha deste que vos escreve de Ministério
da Morte?
Quem acompanha de perto o
noticiário da chamada “mídia golpista” e não vive em bolhas de grupos de WhatsApp que militam nas hostes
bolsonarianas que, a ferro e fogo, insistem em defender cega e estupidamente o
senhor Jair Bolsonaro, sabe que não era necessário que o Senado desperdiçasse
tempo para constatar o óbvio ululante. Bastaria coligir páginas de jornais e
revistas e reunir reportagens televisivas e prints
das redes sociais nos quais o presidente da República e o seu agora ex-ministro
Eduardo Pazuello, um “especialista em logística” que não sabia onde começam e
terminam os hemisférios norte e sul, disseram absurdos e mais absurdos enquanto
a covid-19 ia dizimando milhares de vidas.
Para que uma CPI, minha
gente? As provas irrefutáveis de que o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro e o
seu Ministério da Morte contribuíram para que a mortandade em decorrência da
pandemia atingisse número tão elevado estão contidas num repertório de falas e
de ações que são um misto de incompetência, inépcia, perversidade e
desumanidade. Quem foi que disse que a doença não era grave? Quem foi que
incentivou a população a promover aglomerações, participar de protestos e até
invadir hospitais para “constatar” se pessoas estavam mesmo ocupando UTI’s e
morrendo por causa da covid-19? Quem foi que “receitou” e estimulou que se fizesse
uso de medicamentos supostamente eficazes para combater a doença e gastou
milhões de reais para produzi-los? Quem foi que desacreditou a eficácia das
vacinas e demorou para comprá-las? Quem foi que divulgou notícias falsas com o
intuito de fazer as pessoas ficarem contra as desesperadas medidas que
governadores e prefeitos tomaram com o fito de evitar ao máximo a circulação de
pessoas numa tentativa de frear o contágio pelo coronavírus? Quem foi que por
diversas, inúmeras vezes surgiu diante das câmeras sem fazer uso da mais que
recomendada máscara, tão defendida pelas autoridades sanitárias?
Corroborando, penso eu, que,
enquanto ministro, concordava com absolutamente tudo que o seu chefe acreditava
e ainda insiste em defender, um irresponsável Eduardo Pazuello foi flagrado,
dias atrás, sem máscara num shopping center
de Manaus; e ainda fez deboche com quem lhe perguntou por que ele não estava
usando o acessório. O que é que explica que um tipinho desse tenha dado como
explicação para adiar a sua ida à CPI ter tido contato com pessoas que testaram
positivo para o coronavírus e ter recorrido a um habeas corpus para enfrentar a saraivada de perguntas que os senadores
lhe farão na semana que vem? Frouxura? Medo? Ganho de tempo? Incapacidade de
negar as evidências e responsabilizar o seu ex-chefe? Para mim todas as
alternativas estão corretas. E o senhor Eduardo Pazuello foi, a meu ver, até
agora, o militar que se embrenhou no desgoverno do senhor Jair Bolsonaro que
mais manchou a reputação das Forças Armadas.
Nesta semana coube ao
ex-empregado do desgoverno, Fabio Wajngarten, meter os pés pelas mãos em sua
tentativa de blindar o ex-chefe, buscando defender o indefensável. Wajngarten chegou
ao cúmulo de negar afirmações que fizera numa entrevista concedida à revista Veja. Senadores o confrontaram,
irritados, e disseram que requisitariam o áudio da tal entrevista. No mesmo dia
a revista fez o dever cívico de divulgar o áudio da fala de Wajngarten no seu
site. De arremedos de Pinóquio Brasília está cheia.
Duplamente perturbado pela
CPI e pela pesquisa do Datafolha
apontando a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito do
ano que vem, o senhor Jair Bolsonaro o que mais tem feito é chamar uns e
outros, como Lula e o senador Renan Calheiros, de ladrões, vagabundos e outras
coisas semelhantes; isso, enquanto ele busca apoio e se cerca de gente que
merece as mesmíssimas designações com as quais ele vem se dirigindo ao senador
e ao ex-presidente.
Coitado de Seu Jair que, do
alto de sua magnífica e autocelebrada honestidade, não percebe que também ele
não vale o que o gato enterra. O senhor, Seu Jair, é um retrocesso eivado de um
punhado de ideias absolutistas, ultrapassadas e aberrantes. O senhor, que foi
eleito, em 2018, sem ter mérito algum e sim por força das circunstâncias do
momento, será defenestrado do Palácio do Planalto no pleito de 2022, aí sim,
por mérito próprio: por sua incapacidade de ocupar o cargo que ora ocupa; por
sua animalidade; por sua ferocidade; por sua falta de empatia; por sua
misoginia; por sua homofobia; por sua perversidade; por sua malignidade; por seu
desprezo pelo meio ambiente, pela educação e pela cultura; e por ser, enfim,
uma pessoa completa e inteiramente retrógrada. Os seus apoiadores podem dizer e
fazer o que quiserem, mas eles não conseguirão livrá-lo de uma necessária
derrota. Diferentemente do que o senhor pensa, não será preciso a intervenção
de nenhum deus, não, Seu Jair; uma massa considerável de eleitores que o
abominam se encarregará de fazê-lo desaparecer da Presidência da República
simplesmente não votando em sua execrável pessoa.
Parafraseando a já
antológica frase dita, dias atrás, pelo atual fantoche do Ministério da Morte,
Marcelo Queiroga, nunca é tarde para se desfazer do que é preciso se desfazer,
o que, no seu caso, Seu Jair, é se desprender do autoengano e desaparecer da
vida pública para o bem geral de toda a nação, inclusive dos seus empedernidos
apoiadores. O Brasil precisa urgentemente de sua ausência, Seu Jair.
Nenhum comentário:
Postar um comentário