15 de maio de 2021

Defendendo o indefensável

 Por Sierra

 

Parafraseando a já antológica frase dita, dias atrás, pelo atual fantoche do Ministério da Morte, Marcelo Queiroga, nunca é tarde para se desfazer do que é preciso se desfazer, o que, no seu caso, Seu Jair, é se desprender do autoengano e desaparecer da vida pública para o bem geral de toda a nação, inclusive dos seus empedernidos apoiadores. O Brasil precisa urgentemente de sua ausência, Seu Jair



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ora em curso no Senado, pode até não dar em nada, como apostam alguns governistas, mas, pelo menos até agora, ela tem servido para descontrolar um pouco mais o muito descontrolado presidente da República, o senhor Jair Messias Bolsonaro, o abominável.

Atente-se para o fato primordial de que a CPI foi criada para apurar a conduta, a má conduta, digamos assim, do desgoverno do senhor Jair Bolsonaro no tocante ao enfrentamento da pandemia do coronavírus que, até o dia de hoje, ceifou 434.852 vidas apenas neste país. A pergunta que eu faço a quem queira ler o que escrevo é: precisava haver a instalação de uma CPI para que se constatassem a ingerência e as movimentações irresponsáveis, para dizer o mínimo, praticadas pelo próprio presidente da República e pelos paus mandados que ele instalou no Ministério da Saúde que merecidamente recebeu a alcunha deste que vos escreve de Ministério da Morte?

Quem acompanha de perto o noticiário da chamada “mídia golpista” e não vive em bolhas de grupos de WhatsApp que militam nas hostes bolsonarianas que, a ferro e fogo, insistem em defender cega e estupidamente o senhor Jair Bolsonaro, sabe que não era necessário que o Senado desperdiçasse tempo para constatar o óbvio ululante. Bastaria coligir páginas de jornais e revistas e reunir reportagens televisivas e prints das redes sociais nos quais o presidente da República e o seu agora ex-ministro Eduardo Pazuello, um “especialista em logística” que não sabia onde começam e terminam os hemisférios norte e sul, disseram absurdos e mais absurdos enquanto a covid-19 ia dizimando milhares de vidas.

Para que uma CPI, minha gente? As provas irrefutáveis de que o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro e o seu Ministério da Morte contribuíram para que a mortandade em decorrência da pandemia atingisse número tão elevado estão contidas num repertório de falas e de ações que são um misto de incompetência, inépcia, perversidade e desumanidade. Quem foi que disse que a doença não era grave? Quem foi que incentivou a população a promover aglomerações, participar de protestos e até invadir hospitais para “constatar” se pessoas estavam mesmo ocupando UTI’s e morrendo por causa da covid-19? Quem foi que “receitou” e estimulou que se fizesse uso de medicamentos supostamente eficazes para combater a doença e gastou milhões de reais para produzi-los? Quem foi que desacreditou a eficácia das vacinas e demorou para comprá-las? Quem foi que divulgou notícias falsas com o intuito de fazer as pessoas ficarem contra as desesperadas medidas que governadores e prefeitos tomaram com o fito de evitar ao máximo a circulação de pessoas numa tentativa de frear o contágio pelo coronavírus? Quem foi que por diversas, inúmeras vezes surgiu diante das câmeras sem fazer uso da mais que recomendada máscara, tão defendida pelas autoridades sanitárias?

Corroborando, penso eu, que, enquanto ministro, concordava com absolutamente tudo que o seu chefe acreditava e ainda insiste em defender, um irresponsável Eduardo Pazuello foi flagrado, dias atrás, sem máscara num shopping center de Manaus; e ainda fez deboche com quem lhe perguntou por que ele não estava usando o acessório. O que é que explica que um tipinho desse tenha dado como explicação para adiar a sua ida à CPI ter tido contato com pessoas que testaram positivo para o coronavírus e ter recorrido a um habeas corpus para enfrentar a saraivada de perguntas que os senadores lhe farão na semana que vem? Frouxura? Medo? Ganho de tempo? Incapacidade de negar as evidências e responsabilizar o seu ex-chefe? Para mim todas as alternativas estão corretas. E o senhor Eduardo Pazuello foi, a meu ver, até agora, o militar que se embrenhou no desgoverno do senhor Jair Bolsonaro que mais manchou a reputação das Forças Armadas.

Nesta semana coube ao ex-empregado do desgoverno, Fabio Wajngarten, meter os pés pelas mãos em sua tentativa de blindar o ex-chefe, buscando defender o indefensável. Wajngarten chegou ao cúmulo de negar afirmações que fizera numa entrevista concedida à revista Veja. Senadores o confrontaram, irritados, e disseram que requisitariam o áudio da tal entrevista. No mesmo dia a revista fez o dever cívico de divulgar o áudio da fala de Wajngarten no seu site. De arremedos de Pinóquio Brasília está cheia.

Duplamente perturbado pela CPI e pela pesquisa do Datafolha apontando a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito do ano que vem, o senhor Jair Bolsonaro o que mais tem feito é chamar uns e outros, como Lula e o senador Renan Calheiros, de ladrões, vagabundos e outras coisas semelhantes; isso, enquanto ele busca apoio e se cerca de gente que merece as mesmíssimas designações com as quais ele vem se dirigindo ao senador e ao ex-presidente.

Coitado de Seu Jair que, do alto de sua magnífica e autocelebrada honestidade, não percebe que também ele não vale o que o gato enterra. O senhor, Seu Jair, é um retrocesso eivado de um punhado de ideias absolutistas, ultrapassadas e aberrantes. O senhor, que foi eleito, em 2018, sem ter mérito algum e sim por força das circunstâncias do momento, será defenestrado do Palácio do Planalto no pleito de 2022, aí sim, por mérito próprio: por sua incapacidade de ocupar o cargo que ora ocupa; por sua animalidade; por sua ferocidade; por sua falta de empatia; por sua misoginia; por sua homofobia; por sua perversidade; por sua malignidade; por seu desprezo pelo meio ambiente, pela educação e pela cultura; e por ser, enfim, uma pessoa completa e inteiramente retrógrada. Os seus apoiadores podem dizer e fazer o que quiserem, mas eles não conseguirão livrá-lo de uma necessária derrota. Diferentemente do que o senhor pensa, não será preciso a intervenção de nenhum deus, não, Seu Jair; uma massa considerável de eleitores que o abominam se encarregará de fazê-lo desaparecer da Presidência da República simplesmente não votando em sua execrável pessoa.

Parafraseando a já antológica frase dita, dias atrás, pelo atual fantoche do Ministério da Morte, Marcelo Queiroga, nunca é tarde para se desfazer do que é preciso se desfazer, o que, no seu caso, Seu Jair, é se desprender do autoengano e desaparecer da vida pública para o bem geral de toda a nação, inclusive dos seus empedernidos apoiadores. O Brasil precisa urgentemente de sua ausência, Seu Jair.

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