22 de maio de 2021

Uns idiotas são mais idiotas que outros em Mentiraland

 Por Sierra





Imagem: Internet
Cada dia que passa, os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir o que acontece fora de suas bolhas, vêm se dando conta de que o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro é um tremendo fracasso social. Notícias falsas, Seu Jair, não farão sumir os milhões de famintos que estão se avolumando mais e mais por este país afora

 

I

Sabe-se que o general Eduardo Pazuello foi submetido a um ensaio – ensaio, não, a um treinamento, que fica mais apropriado, já que se trata de um militar -, uma espécie de laboratório, como dizem atores e atrizes, para que ele “atuasse” com alguma desenvoltura, com uma convincente desenvoltura, melhor dizendo, durante a sabatina na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que queria saber como fora a sua desastrosa e nociva passagem pelo comando do Ministério da Morte, ops, da Saúde. O divulgado ensaio, ops, treinamento me fez duvidar daquela alegação que o valente general expusera como motivo para adiar a sua ida à CPI. Desconfio que o que ele queria era ter mais tempo para ensaiar, ops, treinar. É um danado esse Eduardo Pazuello.

II

O senhor presidente da República Jair Bolsonaro, como eu já disse noutro dia, anda ainda mais perturbado que normalmente com a dianteira nas pesquisas de intenção de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, apesar e apesar de tudo de ruim que capitaneou, como dizem as autoridades judiciárias, no terreno da corrupção sistêmica que marca a atividade política neste país, não perdeu prestígio entre milhões e milhões de cidadãos que de algum modo se beneficiaram com o muito de ação social e de cidadania que os governos dele promoveram, um capital político que dele ninguém e nenhum juiz poderá tirar, cumpra ele o tempo de prisão que tiver de cumprir.

III

Pária no atual contexto da geopolítica mundial em várias frentes e, especialmente, no quesito preservação ambiental, o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro, cujo mote é uma muitíssimo propagandeada honestidade e zero corrupção, foi marcado nesta semana, vejam só que pauleira, com uma ação da Polícia Federal que está investigando supostos benefícios a madeireiros ilegais distribuídos pelo Ministério do Meio Ambiente, que é conduzido por Ricardo Salles, o mesmo Ricardo Salles que na reunião do Dia do Canalha, no ano passado, propôs que se aproveitasse o tempo em que os olhos da sociedade estavam voltados para a pandemia do coronavírus, para fazer e acontecer no ministério por ele chefiado a fim de abrir a porteira e deixar a boiada passar. É, parece que a porteira dele fora realmente escancarada.

IV

Eu quase ia dizendo que não compreendia por que o noticiário vem gastando tanto tempo com o caso da morte do denominado MC Kevin. Acontece que eu compreendo ou, pelo menos, penso que compreendo. Antes do fatídico dia em que esse funkeiro morreu, eu nunca ouvira falar em seu nome e nem escutado nenhuma de suas músicas. Embora o fato de eu até então não ter conhecimento de sua existência não quer dizer que ele não tivesse alguma importância para o cenário musical brasileiro. O que me chamou a atenção no caso não foi a narrativa regada a drogas e sexo, mas o relevo que até agora vem se dando ao episódio. Quem era MC Kevin ao lado de um Cassiano, que faleceu dias atrás, e de quem pouco ou quase nada se falou? A resposta são os acervos de músicas que um e outro deixaram. Repetiu-se agora o que se verificou na ocasião do falecimento do Fernando Brant e do Cristiano Araújo. Somos, enfim, nestes tempos de futilidades artísticas, uns mediocrões.

V

Pelo que foi visto nos dois dias nos quais ele foi inquerido pelos senadores na CPI, o general Eduardo Pazuello seguiu à risca o script do que ensaiara, ops, treinara no Palácio do Planalto. Portais de notícias, como o G1, computaram que o destemido general mentiu diversas vezes: mentiu quando disse que as medidas de isolamento com vistas a conter o contágio pelo coronavírus não foram cientificamente comprovadas; mentiu quando disse que o Ministério da Saúde não escondeu o número de vítimas fatais da covid-19; mentiu quando disse que o Supremo Tribunal Federal limitou as ações do governo federal no enfrentamento da pandemia; mentiu quando disse que na crise do zika vírus a cloroquina, em altas doses, fora colocada como protocolo pelo Ministério da Saúde para grávidas; mentiu quando disse que esse medicamento é um antiviral e um anti-inflamatório; mentiu quando disse que não fora formalizada nem interrompida pelo governo federal uma anunciada compra da vacina CoronaVac; mentiu quando disse que a plataforma TrateCOV não chegou a entrar em operação; e mentiu e mentiu e mentiu... Mentiu tanto, coitado, que até passou mal. Será que foi por causa do peso da consciência? Duvido. Para quem se arvora de ser o guardião da moralidade e da honestidade, o senhor Jair Bolsonaro e os seus cupinchas mentem que só a gota. Junto com a prática habitual da mentira eles mantêm o exercício diuturno de culpar os outros por suas malfeitorias e aberrações.

A verdade mais verdadeira que o intrépido general Eduardo Pazuello levou para os senadores foi a afirmação de que ele cumprira a sua missão no Ministério da Saúde. Disso ninguém duvida: ele encontrou um cenário ruim e o deixou pior. Missão cumprida, general. O senhor, por isso, é digno de merecer um elogio individual no boletim interno de sua Corporação.

VI

Engrossando, digo, aumentando o rol de disparates como só ele mesmo é capaz de fazê-lo, o senhor Jair Bolsonaro chamou de idiotas as pessoas que ficam em suas casas e só saem quando realmente precisam, porque temem ser contaminadas pelo coronavírus. Seu Jair, será que eram idiotas os 448.291 indivíduos que até hoje morreram depois de ter sido contaminados pelo coronavírus?

Ontem, enquanto eu jantava no pequenino restaurante Bigode, na minha Abreu e Lima natal, um cidadão, que estava na mesa ao lado da que eu me encontrava, disparou contra o proprietário do estabelecimento, que é um bolsonariano roxo:

- Lobão, Lula fazia o povo sorrir; e Bolsonaro faz o povo morrer.

VII

Caso a Polícia Federal confirme as suspeitas que pairam sobre o ministro Ricardo Salles, o tocador de boiadas, e os seus sequazes, a investigação será duplamente fatal para o desgoverno de Seu Jair: lançará de vez uma pá de cal sobre as supostas honestidade e integridade de sua gestão; e confirmará, aos olhos do mundo – e hoje se soube que os Estados Unidos estão mandando para cá um carregamento de madeira ilegal que chegou ao país –, mais uma vez, o que se tem repetidamente dito: que o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro é, também, um ferrenho inimigo do meio ambiente.

VIII

Ah, gente, não pense que eu esqueci de me juntar às pessoas que estão acrescentando mais itens à lista que começa com “imorrível”, “imbrochável” e “incomível” e que se destina a definir por inteiro a pessoazinha do senhor Jair Bolsonaro. Vamos lá: imprestável, intragável, execrável, abominável, detestável, insuportável, reprovável, culpável, irresponsável, intolerável, processável, rejeitável, deplorável, lastimável, miserável, irrecuperável, ineducável...

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