12 de junho de 2021

Fazendo da mentira escudo, arma de ataque e trincheira na malfadada “pátria de chuteiras”

 Por Sierra


Imagem: Internet
Na “pátria de chuteiras”, onde a cloroquina ganhou status de alucinógeno, uns e outros entoam loucamente uma versão muito particular e algo saudosa daquela do Miguel Gustavo, sucesso absoluto durante os torturantes anos da Ditadura Militar: “Quase quinhentos mil sem ação/Pra trás, Brasil, lasquei o fígado e o pulmão (...) Todos juntos, vamos, pra trás, Brasil, Brasil, salve o genocídio e o circo sem pão”


 

À medida que os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ora em curso no Senado, avançam, mais fica evidente como um desgoverno que continua apregoando para incautos e autoenganados que está alicerçado nos princípios da moral e dos bons costumes, com ênfase na ho-nes-ti-da-de, recorre a mentiras como escudo, trincheira e arma de ataque contra quem trata de desmascará-lo e de expor as suas vísceras.

Convocados para deporem na CPI, alguns militares, como o general Eduardo Pazuello, que já entrou para a História como, talvez, o mais incompetente ministro da Saúde que este país teve, e o coronel Elcio Franco, que, como todos os outros militares, dizem defender os interesses e a soberania da pátria amada, mentiram a granel, como se mentiras não pudessem ser checadas e como se elas pudessem livrar o seu chefe-supremo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, um caso clássico de psicopatia, dos males que praticou e vem praticando contra a saúde e a vida das pessoas no decorrer de uma pandemia que até o dia de hoje abateu 486.358 indivíduos neste Brasil varonil.

Como de costume, visto que a mentira é tomada como panaceia pelo desgoverno do senhor Jair Bolsonaro, veio a público nesta semana, que é falso o suposto relatório saído do Tribunal de Contas da União (TCU) informando que o número de óbitos provocados pela covid-19, relativos ao ano passado, foi supernotificado. Na verdade, creem especialistas, o número de tais falecimentos pode ter sido subnotificado. Agora imaginem o que essa gente dita honesta não é capaz de falsificar para ludibriar a sociedade, por um lado, e construir uma narrativa que seja favorável ao desgoverno, por outro, se foi um funcionário do próprio TCU que elaborou o tal documento. Talvez isso, em parte, explique o empenho desse pessoal falsificador e mistificador da realidade para que as eleições voltem a contar com o voto impresso. Gozado é que o senhor Jair Bolsonaro vem há três anos repetindo que houve fraude nas eleições de 2018, mas não mostra provas do delito. Será que a falsificação das provas não ficaram boas?

Concordo plenamente com os que dizem ser uma tremenda de uma hipocrisia querer barrar a realização da Copa América quando já rolaram os campeonatos estaduais e estão em andamento o Campeonato Brasileiro e as Eliminatórias da Copa. O que me espanta neste caso não é a discussão sobre se é para ocorrer ou não a Copa América, que, para mim, é uma discussão bizantina, dado os casos precedentes, e sim um presidente da República se empenhar tenazmente em defesa de algo que, nestes tempos pandêmicos, de alta dos preços dos alimentos e da conta de luz e da lentidão da campanha de vacinação, por exemplo, se mostra tão irrelevante e desnecessário. Fazer política do “pão e circo” quando “pão” está em falta é de uma desfaçatez e de uma perversidade tamanhas. Ah, sim, eu já ia me esquecendo disso: o que dizer da decisão dos convocados para a seleção brasileira que anunciaram que, embora discordando da realização da ironicamente chamada de Cova América, iriam participar dela? Eu aprendi – e faz um tempo danado – que fala de jogadores de futebol geralmente, mesmo que se peneire, pouco ou nada se aproveita.

Tenho para mim que, dado o elevado grau de psicopatia do senhor Jair Bolsonaro, que o leva, entre outros desatinos, a desdenhar da gravidade da covid-19 e a fazer pouco caso do uso de máscaras, da quantidade de falecimentos e a atacar feroz e diuturnamente as medidas às quais governadores e prefeitos recorrem para tentar ao menos frear o crescimento do contágio pelo coronavírus – e, nunca é demais lembrar, o tempo que ele empregou dizendo horrores e atacando as vacinas, ao passo que defendia, como ainda defende, um famigerado e prejudicial tratamento precoce -, que ele deve imaginar e acreditar que todos os quase 500.000 indivíduos que perderam suas vidas para aquela doença eram todos eles “esquerdistas”, uma gente que, sob a sua ótica, não presta e só fez e faz mal ao país e que, portanto, não fará falta, principalmente ao seu projeto de reeleição.

Na “pátria de chuteiras”, onde a cloroquina ganhou status de alucinógeno, uns e outros entoam loucamente uma versão muito particular e algo saudosa daquela do Miguel Gustavo, sucesso absoluto durante os torturantes anos da Ditadura Militar: “Quase quinhentos mil sem ação/Pra trás, Brasil, lasquei o fígado e o pulmão (...) Todos juntos, vamos, pra trás, Brasil, Brasil, salve o genocídio e o circo sem pão”.

Placar da rodada: Psicopatia 10 X 0 Lucidez.

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