Por Sierra
À medida que os trabalhos da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ora em curso no Senado, avançam, mais
fica evidente como um desgoverno que continua apregoando para incautos e
autoenganados que está alicerçado nos princípios da moral e dos bons costumes,
com ênfase na ho-nes-ti-da-de, recorre a mentiras como escudo, trincheira e
arma de ataque contra quem trata de desmascará-lo e de expor as suas vísceras.
Convocados para deporem na
CPI, alguns militares, como o general Eduardo Pazuello, que já entrou para a
História como, talvez, o mais incompetente ministro da Saúde que este país
teve, e o coronel Elcio Franco, que, como todos os outros militares, dizem
defender os interesses e a soberania da pátria amada, mentiram a granel, como
se mentiras não pudessem ser checadas e como se elas pudessem livrar o seu
chefe-supremo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, um caso clássico de
psicopatia, dos males que praticou e vem praticando contra a saúde e a vida das
pessoas no decorrer de uma pandemia que até o dia de hoje abateu 486.358
indivíduos neste Brasil varonil.
Como de costume, visto que a
mentira é tomada como panaceia pelo desgoverno do senhor Jair Bolsonaro, veio a
público nesta semana, que é falso o suposto relatório saído do Tribunal de
Contas da União (TCU) informando que o número de óbitos provocados pela
covid-19, relativos ao ano passado, foi supernotificado. Na verdade, creem especialistas,
o número de tais falecimentos pode ter sido subnotificado. Agora imaginem o que
essa gente dita honesta não é capaz de falsificar para ludibriar a sociedade,
por um lado, e construir uma narrativa que seja favorável ao desgoverno, por
outro, se foi um funcionário do próprio TCU que elaborou o tal documento. Talvez
isso, em parte, explique o empenho desse pessoal falsificador e mistificador da
realidade para que as eleições voltem a contar com o voto impresso. Gozado é
que o senhor Jair Bolsonaro vem há três anos repetindo que houve fraude nas
eleições de 2018, mas não mostra provas do delito. Será que a falsificação das
provas não ficaram boas?
Concordo plenamente com os
que dizem ser uma tremenda de uma hipocrisia querer barrar a realização da Copa
América quando já rolaram os campeonatos estaduais e estão em andamento o
Campeonato Brasileiro e as Eliminatórias da Copa. O que me espanta neste caso
não é a discussão sobre se é para ocorrer ou não a Copa América, que, para mim,
é uma discussão bizantina, dado os casos precedentes, e sim um presidente da
República se empenhar tenazmente em defesa de algo que, nestes tempos
pandêmicos, de alta dos preços dos alimentos e da conta de luz e da lentidão da
campanha de vacinação, por exemplo, se mostra tão irrelevante e desnecessário. Fazer
política do “pão e circo” quando “pão” está em falta é de uma desfaçatez e de
uma perversidade tamanhas. Ah, sim, eu já ia me esquecendo disso: o que dizer
da decisão dos convocados para a seleção brasileira que anunciaram que, embora
discordando da realização da ironicamente chamada de Cova América, iriam
participar dela? Eu aprendi – e faz um tempo danado – que fala de jogadores de
futebol geralmente, mesmo que se peneire, pouco ou nada se aproveita.
Tenho para mim que, dado o
elevado grau de psicopatia do senhor Jair Bolsonaro, que o leva, entre outros
desatinos, a desdenhar da gravidade da covid-19 e a fazer pouco caso do uso de
máscaras, da quantidade de falecimentos e a atacar feroz e diuturnamente as
medidas às quais governadores e prefeitos recorrem para tentar ao menos frear o
crescimento do contágio pelo coronavírus – e, nunca é demais lembrar, o tempo
que ele empregou dizendo horrores e atacando as vacinas, ao passo que defendia,
como ainda defende, um famigerado e prejudicial tratamento precoce -, que ele
deve imaginar e acreditar que todos os quase 500.000 indivíduos que perderam
suas vidas para aquela doença eram todos eles “esquerdistas”, uma gente que,
sob a sua ótica, não presta e só fez e faz mal ao país e que, portanto, não
fará falta, principalmente ao seu projeto de reeleição.
Na “pátria de chuteiras”,
onde a cloroquina ganhou status de alucinógeno, uns e outros entoam loucamente
uma versão muito particular e algo saudosa daquela do Miguel Gustavo, sucesso
absoluto durante os torturantes anos da Ditadura Militar: “Quase quinhentos mil
sem ação/Pra trás, Brasil, lasquei o fígado e o pulmão (...) Todos juntos,
vamos, pra trás, Brasil, Brasil, salve o genocídio e o circo sem pão”.
Placar da rodada: Psicopatia
10 X 0 Lucidez.
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