Por Sierra
Complô da indústria
farmacêutica para faturar alto com a venda de vacinas. Armação da China para
enfraquecer as economias dos demais países, em geral, e a dos Estados Unidos,
em particular. Conluio dos países ricos para continuarem mandando de alguma
maneira nos países pobres. Disputa política pura e simples. Tudo isso e mais um
pouco está contido no discurso daqueles que, de modo entusiasmado, empedernido
e por vezes agressivo, até defendem um chamado “tratamento precoce” para
combater a contaminação pelo coronavírus; tratamento esse que inclui, entre
outros, ivermectina, hidroxicloroquina e cloroquina.
Não sou ingênuo a tal ponto
de não acreditar que interesses escusos não raro se impõem até mesmo na
produção de alimentos, como comprovam os casos que vez por outra vêm à tona,
por exemplo, de adulteração de leite e de reaproveitamento de produtos que
perderam a validade; sem nos esquecermos dos sucessivos desmascaramentos da
indústria de azeite de oliva que, conforme amplamente divulgado – basta uma
busca no Google para constatar isso
-, comercializam algo que não deveria ser chamado de azeite. Contudo,
entretanto e todavia, a minha vida é regida pela seguinte filosofia: não
acredito em tudo e nem duvido de tudo; escolho um caminho, uma posição ou o que
for e sigo. Caso eu reconsidere a decisão, eu tomo outro rumo. Simples assim. Eu
só não fico parado vendo a história acontecer e o tempo passar. E, neste caso
do embate cuidados pessoais + vacina versus
liberou geral + cloroquina, sem qualquer hesitação, dadas as tantas
manifestações da comunidade científica, eu fiquei absolutamente contra o
liberou geral e o uso da cloroquina como medicamento para tratar os
diagnosticados com covid-19.
Há algo de muito perigoso e
maléfico, para dizer o mínimo, na postura de um governante que se põe a tornar
suas convicções pessoais política de Estado, menosprezando considerações de uma
quantidade enorme de estudiosos no assunto. O negacionismo da gravidade da
pandemia e o comportamento de quem não está mesmo nem aí para a pilha de mortos
que ela vem juntando são dois entre vários indicativos de que o atual
mandatário deste infeliz país não tem noção alguma de civilidade e menos ainda
de governança.
A defesa intransigente e
cega de um suposto “tratamento precoce”, levada a cabo pelo presidente da
República Jair Bolsonaro, está inserida num verdadeiro combo constituído por um
igualmente intransigente e cego desprezo pelo uso de máscara, pelo apoio e
incentivo à desobediência a medidas desesperadas de governadores e prefeitos
com o intuito de ao menos diminuir o avanço da pandemia, pelos ataques a
vacinas e por uma persistente e cruel indiferença para com a memória daqueles
que morreram vitimados pela pandemia, como a participação em atos
antidemocráticos, incentivo à invasão de hospitais e os passeios em comboio com
motociclistas querendo dar um ar de normalidade a uma realidade tão devastadora
e trágica que é essa que estamos a atravessar, enterrando e cremando milhares
de mortos num processo que parece que não quer dar trégua.
À tragédia dos desamparados
que perderam empregos e atividades informais de geração de renda por causa da
pandemia e ao infortúnio dos que viram os arrimos de suas famílias perecerem
vitimados por essa covid-9, o senhor Jair Bolsonaro acrescentou o discurso do
ódio e da desunião no seio da sociedade, quando, do que mais precisávamos e
ainda precisamos era e é de uma defesa em uníssono de um pacto federativo
visando à superação da anormalidade e o alcance do bem comum.
No meu entender só a cegueira,
a perversidade, a psicopatia e um possível efeito alucinógeno provocado pela
cloroquina podem explicar o comportamento do senhor Jair Bolsonaro e o do
enorme rebanho de seguidores que o defende deturpando a realidade. O coronavírus
segue matando a rodo e eles continuam mantendo uma postura de desapreço pela
vida, ignorando protocolos, disseminando notícias falsas e maldizendo quem
procura se proteger contra o contágio. Esse comportamento monstruoso e
irresponsável revela sim um desapreço pela vida alheia, mas também põe à mostra
o caráter patológico e algo animalesco e sanguinário de uma multidão de
alucinados, alucinados que agridem, ofendem e ameaçam quem não concorda com
suas posturas e atitudes, como se viu no último dia 11, em Palmares Paulista,
São Paulo, no episódio em que um cliente reagiu violentamente ao pedido da
funcionária de uma padaria para que ele usasse máscara, agredindo fisicamente a
mulher com chutes e joelhadas que a deixaram com vários hematomas e o braço
esquerdo quebrado.
Alguém pode imaginar o
estrago que fez e continua fazendo no organismo das pessoas o coquetel de
medicamentos que compõem o tal “tratamento precoce” numa população que é uma
das campeãs mundiais no quesito automedicação? Alguém consegue imaginar quantos
indivíduos consumiram os tais fármacos como se eles fizessem parte de uma
profilaxia, ou seja, como se eles prevenissem o contágio pela doença?
O que o senhor Jair
Bolsonaro fez e faz ao recomendar o ineficaz “tratamento precoce” contra a covid-19,
ao mesmo tempo que despreza o uso de máscara e condena medidas restritivas de
circulação de pessoas, é conferir uma espécie de salvo conduto a quem nele
acredita, como que dizendo: “Olha, você pode fazer o que quiser porque, caso
seja contaminado pelo coronavírus, basta tomar os medicamentos que eu indiquei
e pronto”. Dentro dessa lógica irresponsável e macabra é como se passássemos a
não usar o cinto de segurança confiando plenamente no air bag ou deixássemos de fazer uso de preservativos porque existe
um coquetel que garante uma “vida normal” aos portadores de HIV, por exemplo.
Como que carimbando o
atestado de incompetência generalizada e o desastre absoluto do desgoverno do
psicopático presidente da República Jair Bolsonaro, no combate à pandemia,
hoje, 19 de junho de 2021, dia de São Romualdo, o Brasil ultrapassou a
assombrosa marca de 500.000 vidas perdidas para o coronavírus – foram exatamente
500.868. Na falta do que dizer e/ou buscando inutilmente tirar o do senhor Jair
Bolsonaro da reta, como fazem os funcionários do desgoverno, o ministro das
Comunicações Fábio Faria usou o Twitter
no dia de hoje para dizer que a oposição “torce pelo vírus” e que “existe uma
tentativa coordenada de colocar tudo na conta do Bolsonaro e minimizar todo o
trabalho e os esforços do governo federal para o combate da pandemia”. Gozado,
não é? Ele poderia ter listado uma por uma as falas e os comportamentos
irresponsáveis do seu chefe-supremo no tocante ao coronavírus e à pandemia;
dessa forma constataria que a “torcida” da oposição não faz mal nenhum à
sociedade, mas o que o senhor Jair Bolsonaro faz e diz sim. Ministro, o que
move um governo, para o bem ou para o mal, são as ações tomadas por quem está
no seu comando e não quem torce contra ou a favor dele.
Nas mãos do senhor Jair
Bolsonaro a cloroquina sofreu dupla transmutação: foi convertida em remédio
milagreiro e em um poderoso alucinógeno. Milagre ela não fez e nem fará, mas,
alucinações, a maldita droga não para de provocar.
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