Por Sierra
Imagem: Internet Seria cômico se não fosse trágico: Seu Jair e sua trupe não perdem tempo tentando desmoralizar a democracia e fazer a sua revolução dos bichos. Cuidado, Seu Jair, que a Cuca te pega |
Como muito bem disse
Belchior, o saudoso filósofo-compositor-cantor sobralense, “viver é melhor que
sonhar”. Digo de mim para mim – e para você que agora me lê – que a democracia
é melhor do que qualquer ditadura, tenha o regime de exceção o fundamento e a
cor que tiver.
Parafraseando aquele
cearense eu digo ainda que rir é melhor que chorar, é melhor que sentir dor, é
melhor que sofrer. Por isso, em que pesem os fatos ruins e as amargas lembranças dos 11
de Setembro dos Estados Unidos e do Chile rememorados nesta data em várias partes do mundo, façamos de conta que hoje é o dia da
galhofa, o dia do chiste, da pilhéria, da zombaria, do escárnio, da troça, do
gracejo. Por isso, mestre Gilberto Gil, releve e perdoe a parodiazinha que virá
a seguir. Lá vai:
Patriotada
é banana,
banana
é patrioteiro;
falam
de foice e de martelo.
Sítio
do Bolsonaro Amarelo.
Sítio
do Bolsonaro Amarelo.
Eles
dizem que são gente
e
que a gente não é gente.
O
gado muge num universo paralelo.
Sítio
do Bolsonaro Amarelo.
Sítio
do Bolsonaro Amarelo.
Tchurutchutchutchuru,
tchurutchutchutchuru...
Amarelar, diz o dicionário
do alagoano de Passo de Camaragibe, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
significa, além de “tornar (se) amarelo” e “amarelecer”, “acovardar-se”. Depois
de passar dias e dias aboiando, ops, convocando os seus apoiadores para fazerem
e acontecerem durante o Dia da Independência, conhecido também aqui no Brasil
como 7 de Setembro, o presidente da República Jair Bolsonaro, o Messias de
fanáticos que adoram destilar ódio, disseminar o confronto e defender o fim da
democracia, tudo isso em nome de Deus, da pátria e da família, fez um discurso
raivoso em Brasília e dali foi para São Paulo, ainda mais possesso, atacar e
ameaçar todos os seus supostos inimigos, em geral, e membros do Supremo
Tribunal Federal, em particular, que, segundo ele, andam atrapalhando a sua
desgovernança, como quem diz: “Mas será o Benedito que eu não posso fazer o que
eu quero nesta porra?!”.
A multidão, enorme, é
verdade, mugia, ops, aplaudia, vibrava e gritava palavras de (des) ordem e empunhava
placas com dizeres os mais estapafúrdios e bestiais, próprios de quem está a
viver num universo utópico onde não existem inflação e desemprego e nem muita,
muita gente passando fome e rogando que do céu volte a cair maná. Pois tantas
Seu Jair disse, pois tantas Seu Jair fez para inflamar os seus sequazes e o seu
exército de fanáticos que levou muita gente a pensar que o Dia a Independência
seria, doravante, chamado de Dia da Revolução dos Bichos. O entusiasmo era
geral. O desemprego na casa dos 14 milhões e o entusiasmo era geral. A gasolina
a R$ 7,00 o litro e o entusiasmo era geral, a inflação disparando, a conta de
energia se elevando, o número de miseráveis e famintos só aumentando e o
entusiasmo era geral. O entusiasmo, o contentamento e a euforia eram tamanhos
que, sem conseguir conter sua grande emoção, um mal informado caminhoneiro em
sua gana de fariseu patrioteiro festejou, em um vídeo que logo se espalhou
pelas redes sociais, o “acontecimento histórico” de decretação de estado de
sítio neste, com o perdão do trocadilho, imenso sítio-modelo em que tão brava
gente quer ver transformado este país. Sinceramente, eu vi o vídeo e comecei a
gargalhar a plenos pulmões.
Estado de sítio? Só que não.
Dois dias depois de liderar e comandar o espetáculo bizarro de uma patriotada
infame, disseminando o ódio, a discórdia, a desunião e a desobediência civil,
Seu Jair, o capitão-presidente da República, amarelou; para usar uma expressão
muito, muito chula que vigora nestas terras nordestinas que eu habito, ele “cagou
no pau”; ele recuou, deu meia volta volver e tentou convencer os que o repelem
e os que querem vê-lo longe, muito longe do Palácio do Planalto de que tudo o
que planejou, tudo o que arquitetou para o 7 de Setembro e todo o mal e toda a
desobediência civil que pregou naquela terça-feira maldita foi, pelo que se viu
na cartinha ridícula que divulgou, um erro circunstancial, uma canalhice, uma
vileza, um despropósito feito “no calor do momento”.
Dadas as inúmeras vezes em
que o capitão-presidente, o bravateiro-mor da nação avançou o sinal e depois
deu um passo atrás, como quem saiu de um porre ou voltou a tomar o seu remédio
de tarja preta, eu fico a imaginar o que se passa na cabeça dos seus inflamados
e inflamáveis seguidores. Não é que essas pessoas estejam em estado de hipnose,
não é que esses ditos cristãos donos de certezas absolutas estejam como que
fora do seu estado normal de consciência e, por isso, agem raivosa e cegamente.
Esse é o comportamento normal deles. Isso o que nós vemos eles defenderem a
todo custo é no que fundamentalmente eles acreditam e ponto. Não esperem que,
de uma hora para outra, eles parem de praticar as maldades que andam praticando
em nome de suas crenças políticas e religiosas, porque será disso para pior,
uma vez que essa gente se julga senhora absoluta da verdade e fiadora da
salvação do país.
Ainda não foi desta vez que
Seu Jair conseguiu fazer a sua revolução dos bichos. Mas não nos descuidemos,
porque sempre que ouve o toque do berrante o gado entra em forma e fica
esperando pela ordem do dia. E fiquemos bem alertas, porque a polarização só
acentuou o sangue nos olhos dos que se atacam. Há algo que eu costumo repetir:
direita e esquerda vivem a disputar quem é mais autoritário e sanguinário; as
virtudes e as qualidades que ambos os lados dizem possuir cabem com folga
dentro de uma caixa de fósforos.
Recordando ainda Belchior,
meu conforto é acreditar que, apesar de tudo, apesar de tudo que estamos
vivendo, em algum momento isso vai acabar, porque o pasto vai secar e o gado
vai ter de se virar.
Tchurutchutchutchuru, tchurutchutchutchuru...
É só o resultado de quase duas décadas de só uma "ideologia" no poder com muita corrupção por trás, aí surgiu o "herói" que promete "acabar" com a farra, mas na prática o pobre fica o pobre e o rico é mais rico, afinal o pão (bolsa/auxílio) e circo (carnaval/copa do mundo/festas) jamais deixarão de existir. Isso tudo só não é mais trágico que o elefante branco localizado em São Lourenço da Mata, que por mês gera um gasto de quase 1 milhão pra se manter fechado, show de horrores o país pobre, mas que consegue dar festa pra rico, show!!! Bem que uma matéria mostrando essa herança petista desastrosa seria excelente pra ver se alguns acordam e saem dessa polarização procurando uma terceira via, né não MONSTRO? KKKKKKK
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