Por Sierra
Poucas situações são tão
desagradáveis para mim nesta vida do que tratar com pessoas derrotistas. O
derrotista faz de tudo para lhe desencorajar. O derrotista só vê o lado ruim
das coisas e situações. O derrotista diz que você vai quebrar a cara. O
derrotista reprova sempre o que você faz. O derrotista coleciona histórias e
mais histórias de desilusões e fracassos e insiste em lhe dizer que a vida é assim
e pronto; e que não será diferente com você. O derrotista não aceita ser
contestado. O derrotista é o dono da verdade. O derrotista aposta que você vai
tropeçar e cair. O derrotista reprova o seu comportamento, o seu jeito de ser,
a sua sexualidade, a roupa que você veste, as pessoas com as quais você se
relaciona, os lugares que você frequenta, a sua opinião e o seu ideal de
liberdade. O derrotista é, enfim, um indivíduo que se compraz em deixar você no
fundo do poço e mais para baixo do que sola de sapato.
Eu aprendi que devemos sim
estar preparados para o erro, para o fracasso e, principalmente, para a força
que tem a realidade sobre as nossas expectativas, afinal, como diz a sabedoria
popular, tudo pode acontecer, inclusive, nada. Mas daí a pensar que fracassos,
derrotas, desilusões, erros e perdas significam que vivemos sob o império do
derrotismo definitivamente não é o mais sensato a fazer. Quando entendemos que
algo que planejamos pode dar certo ou errado e que algo pode não nos dar o
prazer e/ou a satisfação e/ou o prestígio e/ou o que for de bom que
imagináramos, ficamos cientes de que o caminho a ser tomado é outro; é o
recomeço, é o tentar de novo, porque, diferentemente do que muitos pensam, nem
sempre querer é poder, afinal, nem tudo o que queremos depende única e
exclusivamente de nós para acontecer e se concretizar.
Apesar de admitir que este
mundo em que vivemos não tem conserto, porque a maioria das pessoas
definitivamente não consegue se livrar por inteiro de suas ganâncias, planos de
riquezas e maldades, paradoxalmente, eu procuro encarar a minha vida com um
elevado grau de otimismo. Não fecho os olhos para as misérias do mundo. Não
ignoro o imperativo da brutalidade, da vileza, dos preconceitos e da estupidez
do mundo. Não faço ouvidos moucos para as ameaças que partem de muitas frentes
do mundo. Mas não me deixo abater por causa de tudo isso. Tenho um firme
propósito de vida; e ele está fundamentado num ideal de liberdade de pensar e
de ser e de estar do qual eu não abro mão.
Nunca que eu pretendi ser
modelo para o que quer que fosse. Não caminho olhando para trás a fim de ver se
alguém quer seguir o mesmo caminho que eu, acompanhando, mesmo que de longe, os
meus passos. Eu não apaguei de mim as vezes em que fui perverso, desonesto,
intolerante e preconceituoso. Eu bem sei dos monstros que existem dentro de
mim. Ao longo da minha existência eu já tropecei muito; já chorei; já me
desiludi; já fracassei; já cometi uma série de atos ética e moralmente
reprováveis. Mas também já me levantei bastante; já sorri; já conquistei; já
acertei; e já protagonizei atos dignos de aplausos. Tudo somado e subtraído me
deixou ainda com saldo positivo; e isso é o que muito, o que muito importa para
mim.
Neste exato momento em que
você está lendo este texto, indivíduos estão matando, estuprando, contaminando,
espancando, devastando, roubando, corrompendo, enganando, traindo... O mundo é
cruel. O mundo é selvagem. Mas o mundo não é só isso. O mundo não é só como o
pinta e o descreve o derrotista. O derrotista é, em resumo, alguém de quem nós
devemos nos afastar imediatamente; ou fazemos isso ou corremos o sério risco de
sermos contaminados pelos males que ele carrega.
Seja qual for a direção que você escolher seguir, faça você mesmo o seu caminho. Aonde você for carregue consigo suas crenças, seus valores, sua capacidade de discernimento, suas convicções, sua resiliência, seus propósitos e suas metas. Não dê ouvidos a derrotistas. Derrotistas são sempre pedras em nossos caminhos; é preciso vencer tais obstáculos e deixá-los para trás.
É preciso que olhemos para o
mundo, para as pessoas e para o que está ao nosso redor com lentes de aumento,
a fim de que possamos enxergar para além das aparências.
Não quero retroceder. Para
mim não vale “a vida que poderia ter sido e que não foi”, do poeta.
Definitivamente, o meu horizonte até agora não mudou de cor.
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