16 de julho de 2022

À direita e à esquerda genocidas não cometem barbaridades sozinhos

 Por Sierra

 

                                     Charge: Leandro Assis e Triscila Oliveira

O assassinato do petista Marcelo Arruda por um seguidor/apoiador do atual presidente da República é mais uma barbaridade praticada por essa gente que julga ser uma verdadeira tropa de elite que está acima da lei e do bem e do mal e que, pasmem, defende com unhas, dentes e armas, claro, a família cristã brasileira. Ò, Deus, onde Te encontras que não estás vendo isso?!


Que a sociedade brasileira é violenta elevada à enésima potência disso ninguém em sã consciência discorda, porque as estatísticas de crimes ratificam com números assombrosos tal assertiva. Nós, brasileiros, parecemos sempre estar dispostos a chutar o pau da barraca e a querer resolver tudo na base da porrada, do tiro e da facada. Nada e nem ninguém consegue fazer com que os níveis de criminalidade e de violência em suas múltiplas variantes diminuam consideravelmente neste país. Nada e nem ninguém, o que inclui autoridades e suas leis acalentadoras de bandidos.

Não vou aqui descrever em detalhes o que se passou naquela festa de aniversário ocorrida em Foz do Iguaçu, no sábado passado, da qual saiu morto justamente o aniversariante, o feliz cinquentão Marcelo Arruda, porque sites e mais sites estão repletos de descrições de tudo o que ocorreu ali.

Numa sociedade que é, como eu disse, violenta elevada à enésima potência – resquício possível de uma colonização europeia e dita cristãmente civilizatória que aqui perpetrou crueldades tamanhas, como o massacre de povos nativos e a escravização de milhares de negros africanos – tem-se como autoridade-maior do país um cidadão que espezinha em qualquer iniciativa de promoção de uma cultura de paz e que incentiva e estimula e aplaude, por outro lado, a aquisição de armas, o discurso de ódio e de intolerância ao que é e/ou que pensa diferente dele; que prega a desunião e o conflito; que louva torturadores; e que possui um entendimento muito particular do que sejam cristandade e democracia.

Os graus de estupidez, intolerância, descaramento, incompetência e de incivilidade do atual ocupante do Palácio do Planalto são tão elevados que ele age como se não tivesse responsabilidade alguma pelos resultados de suas ações irresponsáveis e tresloucadas. Pelo contrário, ele sempre age querendo tirar o dele da reta quando as coisas descambam para atos criminosos praticados por seus muito assumidos e declarados seguidores/apoiadores, como aconteceu naquela festa em Foz do Iguaçu – quer dizer, era para ter sido só uma animada e vibrante festa para celebrar a vida.

Marcelo Arruda foi atacado e morto por um tresloucado e intolerante seguidor/apoiador do senhor presidente da República; seguidor/apoiador que, não é exagero e irresponsabilidade dizer, agiu seguindo direitinho o que reza a cartilha de pregação do senhor presidente e de todos os seus comparsas. O senhor presidente da República veio a público dizer que o assassinato não era culpa dele. Como assim, senhor presidente? Por acaso não foi o senhor que, em certa ocasião, disse que se devia metralhar membros e seguidores do Partido dos Trabalhadores (PT)? Não é o senhor que vive atacando os pilares da democracia e apoiando e celebrando cada ato de insubordinação às leis que os seus seguidores/apoiadores praticam? Lembra que o senhor pediu a seus seguidores/apoiadores para invadirem hospitais no auge da pandemia e ocorreram invasões? O senhor por acaso esqueceu que, seguindo o seu mau comportamento e o seu mau exemplo, seus seguidores/apoiadores desobedeceram às recomendações visando ao controle da pandemia? Mais uma lembrança: dado o seu costume de maltratar e ofender e desrespeitar e desacreditar jornalistas que o senhor identifica como inimigos, o senhor sabe quantos deles foram agredidos até fisicamente por seus seguidores/apoiadores?

Quer dizer que porque foi um assassinato o evento que ocorreu em Foz do Iguaçu, o ocorrido não tem qualquer ligação com a retórica eivada de ódio, perseguição, intimidação e intolerância que o senhor dirige aos seus opositores? Menos, presidente, menos. Não venha a esta altura dos acontecimentos e depois de tudo de ruim que o senhor mesmo praticou e/ou incentivou que os seus cupinchas praticassem, querer tirar o corpo fora e eximir-se de responsabilidades, porque o senhor é o chefe-mor desses desajustados que vêm agindo desde que esse seu desgoverno teve início.

O país, senhor, presidente, está precisando de harmonia e de boas ideias para sair do atoleiro socioeconômico em que se encontra; e não de mais violência e não de mais desarmonia e não de mais ruptura, porque quem pensa no acirramento da violência, no aguçamento da desarmonia e no estabelecimento da ruptura definitivamente não está pensando no desenvolvimento e no bem do país. Um dos seus vários problemas, presidente, é que o senhor não aceita o contraditório, não aceita ser confrontado e quer impor a todo custo as suas vontades e as suas visões de mundo; ocorre que isso o senhor pode fazer dentro de sua casa, mas não no Palácio do Planalto como dirigente da nação. Presidente, nem tudo o que a chamada esquerda propõe é ruim; assim como nem tudo o que a dita direita propõe é bom. É claro que o senhor não sabe o que é equilíbrio de ideias, já que o senhor é desequilibrado e autoritário e intransigente até a medula. E é todo o país que perde com o fato de o senhor ser o que é.

O acirramento da intolerância no que vem se desenhando como as eleições majoritárias mais conturbadas das últimas décadas, ao que tudo indica, provocará mais episódios como o que resultou na morte de Marcelo Arruda, que era membro do Partido dos Trabalhadores, porque seguidores/apoiadores do senhor presidente da República vêm agindo com ataques a eventos promovidos pelo PT, como se viu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro dias atrás. E esse acirramento se dará, sobretudo, se os que vêm sendo atacados resolverem contra-atacar na mesma medida.

Dando uma demonstração de suprema (in) competência, as autoridades da Polícia Civil paranaense, responsáveis pelas investigações do assassinato de Marcelo Arruda, concluíram o inquérito em menos de uma semana – é espantoso, é incrível, mas é isso mesmo, concluíram –, descartando uma “motivação política” para a prática do crime. Como assim, pessoal? O assassino tomou conhecimento do aniversário do petista, se deslocou até o local de celebração da festa, gritou o nome do presidente da República antes de atirar e matar Marcelo Arruda e isso não foi “motivação política”, foi só revide por ele ter se sentido “humilhado” por causa de um punhado de terra jogado em sua cara? E por que tamanha rapidez para concluir as investigações? Para tirar o assunto do noticiário? Para não atrapalhar a campanha à reeleição do irresponsável-mor da República? Ou foi para incentivar que outros assassinatos de igual natureza sejam cometidos? Parece que a Justiça do Paraná só incrimina, de fato, conforme for a adesão partidária do delinquente. Pelo que eu estou vendo, as autoridades policiais chegaram à conclusão que o grande culpado pelo assassinato do Marcelo Arruda foi ele mesmo, isso porque ele era petista.

O assassinato do petista Marcelo Arruda por um seguidor/apoiador do atual presidente da República é mais uma barbaridade praticada por essa gente que julga ser uma verdadeira tropa de elite que está acima da lei e do bem e do mal e que, pasmem, defende com unhas, dentes e armas, claro, a família cristã brasileira.

Ó, Deus, onde te encontras que não estás vendo isso?!

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