Por Sierra
Charge: Leandro Assis e Triscila Oliveira
O assassinato do petista Marcelo Arruda por um seguidor/apoiador do atual presidente da República é mais uma barbaridade praticada por essa gente que julga ser uma verdadeira tropa de elite que está acima da lei e do bem e do mal e que, pasmem, defende com unhas, dentes e armas, claro, a família cristã brasileira. Ò, Deus, onde Te encontras que não estás vendo isso?!
Que a sociedade brasileira é
violenta elevada à enésima potência disso ninguém em sã consciência discorda,
porque as estatísticas de crimes ratificam com números assombrosos tal assertiva.
Nós, brasileiros, parecemos sempre estar dispostos a chutar o pau da barraca e
a querer resolver tudo na base da porrada, do tiro e da facada. Nada e nem
ninguém consegue fazer com que os níveis de criminalidade e de violência em
suas múltiplas variantes diminuam consideravelmente neste país. Nada e nem
ninguém, o que inclui autoridades e suas leis acalentadoras de bandidos.
Não vou aqui descrever em
detalhes o que se passou naquela festa de aniversário ocorrida em Foz do Iguaçu,
no sábado passado, da qual saiu morto justamente o aniversariante, o feliz cinquentão
Marcelo Arruda, porque sites e mais sites estão repletos de descrições de
tudo o que ocorreu ali.
Numa sociedade que é, como
eu disse, violenta elevada à enésima potência – resquício possível de uma
colonização europeia e dita cristãmente civilizatória que aqui perpetrou
crueldades tamanhas, como o massacre de povos nativos e a escravização de
milhares de negros africanos – tem-se como autoridade-maior do país um cidadão
que espezinha em qualquer iniciativa de promoção de uma cultura de paz e que
incentiva e estimula e aplaude, por outro lado, a aquisição de armas, o
discurso de ódio e de intolerância ao que é e/ou que pensa diferente dele; que
prega a desunião e o conflito; que louva torturadores; e que possui um
entendimento muito particular do que sejam cristandade e democracia.
Os graus de estupidez,
intolerância, descaramento, incompetência e de incivilidade do atual ocupante
do Palácio do Planalto são tão elevados que ele age como se não tivesse
responsabilidade alguma pelos resultados de suas ações irresponsáveis e
tresloucadas. Pelo contrário, ele sempre age querendo tirar o dele da reta
quando as coisas descambam para atos criminosos praticados por seus muito
assumidos e declarados seguidores/apoiadores, como aconteceu naquela festa em
Foz do Iguaçu – quer dizer, era para ter sido só uma animada e vibrante festa
para celebrar a vida.
Marcelo Arruda foi atacado e
morto por um tresloucado e intolerante seguidor/apoiador do senhor presidente
da República; seguidor/apoiador que, não é exagero e irresponsabilidade dizer,
agiu seguindo direitinho o que reza a cartilha de pregação do senhor presidente
e de todos os seus comparsas. O senhor presidente da República veio a público
dizer que o assassinato não era culpa dele. Como assim, senhor presidente? Por acaso
não foi o senhor que, em certa ocasião, disse que se devia metralhar membros e
seguidores do Partido dos Trabalhadores (PT)? Não é o senhor que vive atacando
os pilares da democracia e apoiando e celebrando cada ato de insubordinação às
leis que os seus seguidores/apoiadores praticam? Lembra que o senhor pediu a
seus seguidores/apoiadores para invadirem hospitais no auge da pandemia e
ocorreram invasões? O senhor por acaso esqueceu que, seguindo o seu mau
comportamento e o seu mau exemplo, seus seguidores/apoiadores desobedeceram às
recomendações visando ao controle da pandemia? Mais uma lembrança: dado o seu
costume de maltratar e ofender e desrespeitar e desacreditar jornalistas que o
senhor identifica como inimigos, o senhor sabe quantos deles foram agredidos
até fisicamente por seus seguidores/apoiadores?
Quer dizer que porque foi um
assassinato o evento que ocorreu em Foz do Iguaçu, o ocorrido não tem qualquer
ligação com a retórica eivada de ódio, perseguição, intimidação e intolerância
que o senhor dirige aos seus opositores? Menos, presidente, menos. Não venha a
esta altura dos acontecimentos e depois de tudo de ruim que o senhor mesmo
praticou e/ou incentivou que os seus cupinchas praticassem, querer tirar o
corpo fora e eximir-se de responsabilidades, porque o senhor é o chefe-mor
desses desajustados que vêm agindo desde que esse seu desgoverno teve início.
O país, senhor, presidente,
está precisando de harmonia e de boas ideias para sair do atoleiro
socioeconômico em que se encontra; e não de mais violência e não de mais
desarmonia e não de mais ruptura, porque quem pensa no acirramento da
violência, no aguçamento da desarmonia e no estabelecimento da ruptura
definitivamente não está pensando no desenvolvimento e no bem do país. Um dos
seus vários problemas, presidente, é que o senhor não aceita o contraditório,
não aceita ser confrontado e quer impor a todo custo as suas vontades e as suas
visões de mundo; ocorre que isso o senhor pode fazer dentro de sua casa, mas
não no Palácio do Planalto como dirigente da nação. Presidente, nem tudo o que
a chamada esquerda propõe é ruim; assim como nem tudo o que a dita direita
propõe é bom. É claro que o senhor não sabe o que é equilíbrio de ideias, já
que o senhor é desequilibrado e autoritário e intransigente até a medula. E é
todo o país que perde com o fato de o senhor ser o que é.
O acirramento da
intolerância no que vem se desenhando como as eleições majoritárias mais
conturbadas das últimas décadas, ao que tudo indica, provocará mais episódios
como o que resultou na morte de Marcelo Arruda, que era membro do Partido dos
Trabalhadores, porque seguidores/apoiadores do senhor presidente da República
vêm agindo com ataques a eventos promovidos pelo PT, como se viu em Minas
Gerais e no Rio de Janeiro dias atrás. E esse acirramento se dará, sobretudo,
se os que vêm sendo atacados resolverem contra-atacar na mesma medida.
Dando uma demonstração de
suprema (in) competência, as autoridades da Polícia Civil paranaense,
responsáveis pelas investigações do assassinato de Marcelo Arruda, concluíram o
inquérito em menos de uma semana – é espantoso, é incrível, mas é isso mesmo,
concluíram –, descartando uma “motivação política” para a prática do crime. Como
assim, pessoal? O assassino tomou conhecimento do aniversário do petista, se
deslocou até o local de celebração da festa, gritou o nome do presidente da
República antes de atirar e matar Marcelo Arruda e isso não foi “motivação
política”, foi só revide por ele ter se sentido “humilhado” por causa de um
punhado de terra jogado em sua cara? E por que tamanha rapidez para concluir as
investigações? Para tirar o assunto do noticiário? Para não atrapalhar a
campanha à reeleição do irresponsável-mor da República? Ou foi para incentivar
que outros assassinatos de igual natureza sejam cometidos? Parece que a Justiça
do Paraná só incrimina, de fato, conforme for a adesão partidária do delinquente.
Pelo que eu estou vendo, as autoridades policiais chegaram à conclusão que o
grande culpado pelo assassinato do Marcelo Arruda foi ele mesmo, isso porque
ele era petista.
O assassinato do petista
Marcelo Arruda por um seguidor/apoiador do atual presidente da República é mais
uma barbaridade praticada por essa gente que julga ser uma verdadeira tropa de
elite que está acima da lei e do bem e do mal e que, pasmem, defende com unhas,
dentes e armas, claro, a família cristã brasileira.
Ó, Deus, onde te encontras que não estás vendo isso?!
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