Por Sierra
Economistas em âmbito mundial vêm há anos alertando para uma bomba que, segundo as avaliações e projeções deles, está prestes a explodir. Qual seja? Os sistemas de previdência social governamentais.
E, diante de cenário pintado com tintas tão assustadoras, o que é que os governos têm feito para que tal "profecia" não se cumpra? Muito pouco, como paliativas reformas da previdência que conservam privilégios de grupos profissionais que mensalmente embolsam salários e penduricalhos estratosféricos enquanto a massa trabalhadora, que sobrevive com salários mínimos que mal cobrem as suas despesas cotidianas, é de fato e na realidade penalizada com mais anos de contribuição previdenciária e, por conseguinte, com um tempo ainda maior para conseguir, quem sabe, se aposentar.
A bem da verdade - e reforçando as projeções catastróficas dos economistas e outros estudiosos - o que os governos mais têm feito é inchar a máquina pública e conceder remunerações aos servidores públicos, em geral, e aos do Judiciário, em particular, que chegam a ser acintosos para os pobres e massacrados sobreviventes assalariados. A farra e as regalias dos altos salários da chamada elite dos servidores públicos são pagas como se elas não fossem refletir no sistema previdenciário. Ou seja, no Brasil das desigualdades sociais aberrantes, os governos em âmbito municipal, estadual e federal continuam agindo como se não houvesse amanhã, como se o Estado fosse uma fonte inesgotável de dinheiro e como se coubesse ao grosso da população sustentar a concessão de tantos privilégios.
Nesta semana os incautos tomaram conhecimento de que mais um câncer financeiro vinha corroendo as entranhas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde pelo menos 2019. Como eu disse noutra ocasião, essa roubalheira foi divulgada numa série de reportagens que o site de notícias Metróples começou a publicar em dezembro de 2023.
E no que consistia o tal câncer financeiro que atacava o INSS e enchia as burras de uns espertalhões? Com o aval de gente graúda do instituto, mais de dez associações ou algo que os valha começaram a receber, imaginem, mensalidades que eram descontadas, subtraídas, retiradas, roubadas do dinheirinho de aposentados e pensionistas à revelia deles, ou seja, as pessoas que tiveram parte de suas pensões e aposentadorias roubada nunca nem sequer ouviram falar da existência dessas associações que, segundo as investigações ainda em andamento da Polícia Federal (PF), movimentaram a cifra de mais de 6 bilhões de reais, isso mesmo: mais de 6 bilhões de reais.
Como eu também disse noutro momento, a minha mãe foi uma das vítimas desse esquema criminoso, acontecimento esse que eu denunciei em minhas redes sociais tão logo ela me mostrou o extrato de recebimento do seu benefício. Denunciei de pronto porque eu já tinha tomado conhecimento da roubalheira lendo as reportagens do Metrópoles.
De tempos em tempos uma grande ação criminosa é descoberta nas entranhas do INSS. E por que isso acontece sazonalmente, gente, e não se tomam providências e nem se criam mecanismos e protocolos que pelo menos tornem mais difícil que casos como esse de agora ocorram mais uma vez contando com a cooperação ativa e providencial de funcionários da instituição? Por que foi que, segundo o que foi divulgado pelos sites de notícias e pelas redes de televisão, ao tomarem conhecimento da roubalheira e da sangria de dinheiro que estavam ocorrendo ali, os seus dirigentes não trataram imediatamente de agir para combater o câncer financeiro e acionar a PF para investigar o caso? A quem interessava deixar que o negócio corresse solto como se fosse uma coisinhazinha de nada? Por que roubam tanto o INSS?
Ainda que, segundo as investigações em curso, a roubalheira de agora, que estava a pleno vapor e gerando na alta no INSS tenha sido iniciada em 2019, a mim me parece que o governo do presidente Lula não escapará ileso de tal ação criminosa, porque é, no mínimo, intrigante o fato de que, sabendo que raposas estavam comendo as galinhas, o responsável por tomar contar delas não tenha atinado para pelo menos fechar a porta do galinheiro.
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