Por Sierra
No espaço de uma semana todo
bichinho de cabelo que olha para o mundo à sua volta sem estar confinado em
bolhas de grupos de WhatsApp – desde já
saibam que eu detesto todo e qualquer grupo de WhatsApp; portanto, não me incluam em nenhum deles – viu,
novamente, do que são capazes de fazer os ditos “homens bons’ do presidente da
República Jair Bolsonaro. Muito embora o que temos visto desde antes do pleito
eleitoral de 2018 – quem consegue esquecer a ameaça feita via Twitter pelo general Eduardo Villas Bôas
ao Supremo Tribunal Federal? – negue em absoluto, tal epíteto, Seu Jair continua
se referindo aos membros das Forças Armadas como se eles fossem o suprassumo da
sociedade e os elementos, por assim dizer, definidores do que deve valer ou não
em termos de boa governança e de conduta para o país, militares que – às centenas,
aos milhares – conseguiram um lugarzinho no desgoverno de Seu Jair vêm
protagonizando – e/ou sendo coadjuvantes – episódios reveladores do desprezo
que uma parte deles tem para com os fundamentos da democracia e a disposição
que vários deles demonstram para tornar um pouco mais macabra a atuação do
psicopático e esquizofrênico ocupante do Palácio do Planalto.
De participação em protestos
antidemocráticos a ameaças veladas ou escancaradamente abertas em notas e em
entrevistas passando por envolvimento em tramas obscuras, como as que a
Comissão Parlamentar de Inquérito em curso no Senado vem revelando, os militares,
os tais “homens bons” e fiéis escudeiros, os Sanchos Panças de um tresloucado
Dom Bolsonaro Quixote, ao que parece, estão muito dispostos a defender
cegamente os desatinos de um governante inimigo da democracia e personificação
do que de pior uma figura pública encarna, que é a de ser o catalisador de
retrocessos.
Na semana passada o senhor
general Hamilton Mourão foi oficialmente a Angola participar da XIII
Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa. Ocorreu que, extraoficialmente ou oficialmente também, o general
Hamilton Mourão, que calha de ser o vice-presidente deste Brasil, aterrissou em
terras angolanas para interceder em favor dos interesses de Edir Macedo, uma
das personalidades mais controversas que já surgiram neste país, que é líder da
Igreja Universal do Reino de Deus, uma instituição que, sob a acusação de
racismo, lavagem de dinheiro e de outras práticas nada cristãs, vem sendo
escorraçada daquele país africano. Edir Macedo, que diz o diabo de crenças
religiosas que lhe são concorrentes, é um legítimo integrante daquilo que acertadamente
Fábio Porchat denominou de “milicianos da fé”, uma gente mau caráter e
arrivista que faz uso da Bíblia para
encher suas burras. Foi esse tipo de gente que o governo brasileiro foi
defender em Angola com medo de que Edir Macedo comece a dizer a seus seguidores
que Seu Jair é um enviado do demônio e não merece o voto deles. Pragmatismo eleitoral
e fanatismo religioso são capazes de tudo para resolver suas paradas; e eles
estão andando de mãos dadas nesse desgoverno.
Anteontem, esticando um
pouquinho mais a corda – os militares alojados no desgoverno adoram a expressão
“esticar a corda” – do cadafalso em que eles puseram a democracia, foi a vez do
senhor general Braga Netto, uma espécie de cão de guarda mais do que prepotente
e raivoso que também faz as vezes de ministro da Defesa, aparecer no noticiário
negando, vejam só, uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo segundo a qual ele fizera chegar ao presidente
da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a ameaça – que outra palavra usar?! – de que,
sem a aprovação da proposta de que os votos nas próximas eleições gerais sejam
impressos, como quer Seu Jair, os pleitos não ocorrerão.
Não é preciso ser um oposicionista
para enxergar o grau de degradação a que chegou o poder executivo central neste
país. Jair Bolsonaro, eleito sob um discurso antipetista e anticomunista, que
significa dizer antiditatorial, quer ele próprio ser o ditador do momento,
pensando que pode fazer e acontecer, ignorando por completo o Legislativo e o
Judiciário, porque, supostamente, ele tem as Forças Armadas – o “meu Exército”,
como ele costuma dizer – para apoiar as decisões que ele tomar, os absurdos que
ele propor, os insultos que ele disser e as vilezas que ele praticar que, como
todos nós sabemos, são feitos em nome de Deus. Os militares que ferozmente o
apoiam, dado o histórico que as Forças Armadas têm de intervenção em diversos
momentos da vida pública nacional, devem pensar que estão a zelar pelo bem da
sociedade ou como eles costumam dizer pela soberania nacional.
Não sejamos levianos de
tomar as Forças Armadas pelo que são e/ou estão apresentando de ruim e de
ameaçador uns e outros militares que integram o desgoverno do senhor Jair
Bolsonaro. Por outro lado, não sejamos tão ingênuos a ponto de acreditar que as
ameaças e as intimidações são só e somente só bravatas e nada mais, porque,
diferentemente do que diz a máxima, cão que late também morde.
Enquanto o desgoverno de Seu
Jair vai, à sua maneira, mantendo acesa a chama da polarização do “nós contra
eles” e convencendo os seus apoiadores militares a ameaçar e a fustigar os
pilares da democracia, o coronavírus, que não é um moinho de vento e nem uma
farsa, vai dia a dia irrefreavelmente ceifando vidas. A pandemia é uma
realidade concreta, brutal e desoladora e não faltam Sanchos Panças para
compartilhar os desatinos, as perversidades e os retrocessos de Dom Bolsonaro
Quixote que insistentemente a trata como uma coisinha à toa. Não chegamos ainda
ao fundo do poço, mas não falta muito.
O escárnio escancarado a toda nação. Ditador e responsável por mais de 500 milhão de mortos no Mimi da luta cloroquina x ciência. A barbárie sangrenta.
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